Blog do Homem Estupendo

O "blog" de um homem que é tudo menos estupendo...

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terça-feira, março 21, 2006

"Decider, fique ciderado"

Há por aí uma bebida nova cuja campanha publicitária está dar-me cabo do canastro.
Vamos lá a ver se a gente se entende.

Primeiro, o nome da nova bebida é em inglês, certo? O nome “Decider” é pronunciado como [dissáidâr], por isso só pode mesmo ser em inglês.

Ora “Decider” é uma palavra inglesa, sim senhor, que quer dizer, traduzindo bárbara mas literalmente, “decisor”.
Segundo o Dicionário Houaiss (2005), “decisor” é um “adjetivo e substantivo masculino” que significa “que ou aquele que decide”. Ora que é que “decisor” tem a ver com o sumo de maçã fermentado, com ou sem álcool, ou seja, o produto anunciado?
Pois, não sei…

Porém, admitamos que, como o tal sumo, em inglês, se escreve “cider”, o título até não é pura estupidez, ou fruto de criativos ignorantes, ou de empresas de publicidade que não se apercebem da absoluta necessidade de haver revisores ou consultores linguísticos nos seus quadros, mas admitamos – dizia – que é um trocadilho interessante a partir da palavra “cider”.

Ah, assim já faria mais sentido, ou melhor, seria menos ignóbil!

No entanto, a palavra inglesa “decider” já existe, está dicionarizada, e – como se adivinha – nada tem a ver com sumo de maçã. “Decider” remete para o verbo “to decide”, e significa, citando o Oxford Advanced Learner’s (1991), “Game, race, etc. to settle a contest between competitors who have previously finished equal”.

“Ora bolas” – estará a pensar o criativo que assina o anúncio e escolheu o belo título para o produto.

Mas isto piora…

Saltemos para o português, ou para o castelhano, de onde vem a bebida, tradicionalmente.

Ora em castelhano, o nome atribuído ao sumo obtido pela fermentação da maçã, com ou sem álcool à mistura, é “sidra”. Sidra vem, por sua vez, do vocábulo latino “sicèra”, que era um sumo alcoólico obtido a partir de tâmaras. Bebida para ser um pitéu, digo eu...

O nome deu voltas e mais voltas e, actualmente, na Cantábria e talvez por toda a Espanha, bebe-se “Cidra”, tendo havido uma evolução do "C" inicial para o "S", por via de proximidade sonora.

Porém, em Português, talvez por ser uma bebida menos frequente, a etimologia original manteve-se, pelo que em Portugal se deve escrever Sidra. Aliás, o iluminado publicitário até fez um outro anúncio em que um infeliz actor pergunta a transeuntes se sidra se escreve com "C" ou com "S". Malandrão! O maroto tem jeito para gozar com o popular, com o Zé-povinho, comigo, contigo, connosco!

Ora, neste momento, talvez valha a pena fazer o ponto da situação:

Temos um produto, Decider, cuja assinatura é “fique ciderado”;

O produto é sidra;

Na campanha, goza-se com a ignorância de muitos de nós, acerca da ortografia correcta da palavra “sidra”, essa palavra tão comum no nosso português, que todos os dias escrevemos e dizemos…

E o que mais me preocupa é a assinatura – “Fique ciderado”

Senhor publicitário – ou outra qualquer mente iluminada – responda-me, se faz favor: o que é “ciderado”?

É que o Word não reconhece esta palavra;

Duvido que tenha alguma coisa a ver com a palavra “Sidra”, caso contrário seria “sidrado”;

Igualmente duvido que tenha alguma coisa a ver com a palavra “Cidra” – sim, esta palavra também existe e designa o fruto da cidreira, a que vulgarmente chamamos de laranja-toranja –, até porque se viesse deste vocábulo seria “Cidrado”.

Confesso que estou perfeitamente SIDERADO, tomado de espanto, de admiração, perplexo, atordoado, atónito, por não saber o que quer dizer “ciderado”?

Será inglês?

quinta-feira, março 16, 2006

Prendas de aniversário

Ora, como se vê pelo último post, este Homem que é tudo menos estupendo e está cada vez mais nas “lonas” – aliás, estou com uma bela constipação – fez anos. Neste ano, optei por fazer um jantarinho, coisa íntima, só para amigos – embora muitos dos convidados não tenham aparecido, o que, a meu ver, é bem sintomático: provavelmente, há muito cinismo no ar, e nem todos os que eu considero amigos o são realmente, e talvez apenas exclamem, da cada vez que estou com eles: “lá vem este chato, irra!”

Especulações à parte, hoje quero falar-vos sobre as prendas que recebi. É que, em condições normais, há sempre um CD, um DVD, um livro, e um par de peúgas; mas desta vez houve uma concentração temática que me tem posto a pensar toda a semana.

Recebi 6 livros e 4 peças de roupa – e nada de peúgas, o que, de algum modo, quebrou a magia da tradição. Porém, sinto que no Natal vou receber peúgas e cuecas com fartura.

Ora, o que me diz o facto de ter recebido 3 t-shirts e um casaco?

Bom, seguramente diz-me que o meu gosto para a moda é tão nulo, que as pessoas o notam, enchem-se de comiseração e, numa atitude e piedade, acabam por me oferecer uma pecinha de roupa, só para ver se eu me visto melhor, ou seja, se deixo de ouvir miúdos de três aninhos que, quando esbarram comigo no hipermercado, me dizem “Olhó palhaço!...”, enquanto me dirigem o indicador de modo muito ameaçador.

Quanto aos seis livros, aqui, numa primeira instância, poderia pensar uma de duas coisas: Ou os meus amigos me consideram um tipo culto e evoluído e por isso acham que eu devoro livros; ou então ninguém me conhece verdadeiramente, e por isso dão-me aquele que é sempre a prenda de recurso, quando não se conhece bem o presenteado.

Porém, os livros que me ofereceram e a expressão que quase sempre me disseram enquanto eu abria os presentes levam-me a ficar preocupado. À excepção de um livro, que me disseram logo que era para eu fazer correcções, pois o Lobo Antunes não faz bem a pontuação – não será bem assim, mas enfim… –, os restantes têm títulos ou temáticas bem específicas, que não combinam – acho eu – com a expressão “Este livro é mesmo a tua cara!”, a qual foi proferida de todas as vezes que abria os embrulhos.

“A year in the Merde” – “Eh pá, este livro é mesmo a tua cara…”

Então? Eu tenho cara de cu, é? Caramba, há maneiras mais subtis de ofender um homem…

“Intimidades – Dez contos eróticos de escritoras portuguesas e brasileiras” – “Escolhemos esse porque tem a tua cara…”

Será um elogio, considerando-me um indivíduo erótico – se é que isso pode ser um elogio –, ou será uma subtil forma de me chamarem “perverso infatigável”?

“O dia em que o Pato Donald comeu pela primeira vez a Margarida” – “Olha, vi esse livro na livraria e achei que tinha tudo a ver contigo, era a tua cara…”

Nunca li um almanaque da Disney, pelo que não me consigo identificar com o tal pato, embora aquele chapelinho azul e o facto de andar sem calças me indicie que o tipo é rabeta. Mas pronto, se calhar lá comeu a Margarida.

Agora, eu não os conheço, por isso como é que este livro pode ser a minha cara?

E também nunca papei nenhuma Margarida…

“Como ficar estupidamente culto em apenas 10 minutos” – “Este livro é muito útil, é indicado para ti, é a tua cara…”

Portanto, se é a minha cara, eu tenho cara de ser inteligentemente ignorante, e estou visivelmente carenciado de cultura geral, mesmo que seja só no instante de se ir à casa de banho fazer qualquer coisa mais demorada.

“Há vida em Markl” – “Olha, espero que ainda não tenhas, mas acho que este livro tem tudo a ver contigo – é a tua cara…”

Vejamos, o livro é uma colectânea de piadolas e de cartoons. Ora as piadas que o tipo escreve, ao contrário das muitas baboseiras que já escrevi, têm piada, por isso não pode ser este o ponto de contacto; Cartoons: a minha falta de jeito para desenhar ficou evidenciada quando, numa prova desumana, me pediram para desenhar um tijolo em perspectiva, tendo eu demorado cerca de quatro horas, e pedido um esquadro e uma régua.

Então, porque é que o livro é a minha cara?

Só se for por o tipo usar óculos, ser feio todos os dias e apresentar a bela barriguinha dos trintões…

Ok, identifico-me…

sábado, março 11, 2006

Aniversário

9:20
- Olá colega!
- Hum...
- Então? Ouvi dizer que fazes anos...
- Hum, hum...
- Quantos fazes?
- Hum, faço...
- Trinta, não?
- (...)
- Mais?
- (!"#$%&)
- Não te dou muito mais...
- Faço vinte e oito...
- Oh, dava-te pelo menos trinta...
- Hum...
- Deve ser da barba... Faz-te mais velho...
13:40
- Então quantos fazes?
- 28...
- Só?!?! Dava-te mais...
- ok...
- Deve ser da barba...
16:15
- Fazes anos?!
- Pois... Parece que sim...
- E quantos fazes?
- 28...
- A sério?! Olha, pensava que eras mais velho...
- Hum...
- Que giro... Dava-te mais uns aninhos...
- (!"#$#%&)
- Acho que é essa barba, ela dá-te um ar "carregado"...
18:00
- Olá bebé! Muito parabéns!
- Olá pequenita! Muitos parabéns para ti também...
- Então? Ainda não fizeste a barba?!...
(!"#$%&*`^ª^_:;>;:_ª^*`»?=) !
Amanhã vou fazer a barba.
Talvez volte a ser um teenager inconCiente, se o fizer...

terça-feira, março 07, 2006

Frida Kahlo - Uma desilusão

Meus caros, enfiei um enorme "barrete" faz amanhã uma semana.

Fui ver a exposição da pintora mexicana Frida Kahlo, ao CCB, e apanhei uma desliusão.

A culpada não é a artista, que é boa e recomenda-se; o que se passa é que a exposição é uma merda. Desculpem-me, mas não tem outro nome.

Quatro quadros, poucos desenhos a carvão - de qualidade, é claro - e o resto é só fotografias da artista, do México, dos marido, até do Trotsky! Para completar o ramalhete, está também em exposição - bem no centro da mesma, o que diz bem da pobreza da dita - um conjunto de fatos tradicionais e de objectos que fazem parte do culto dos mortos no México. O que é que isto tem a ver com a pintora? Nada!

Para ajudar à festa, não nos podemos aproximar das obras - que estão devidamente protegidas com plástico para ninguém tocar - mais do que 50 cms. Ou seja, para quem é míope como eu, ou simplesmente tem alguma dificuldade em evitar os reflexos que os plásticos protectores provocam e por isso se aproxima, leva logo com uma antipatiquíssima chamada de atenção da parte das numerosas raparigas que têm o fastidioso trabalho de estarem no canto das salas a dar estes preciosos recados às pessoas.

Por fim, a exposição custa 5 euros, o que, não parecendo caro para uma exposição vulgar, acaba por ser um roubo face ao material exposto.

Que "barrete"!

Mais valia ter ido comer um Pastel de Belém!

segunda-feira, março 06, 2006


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