Blog do Homem Estupendo

O "blog" de um homem que é tudo menos estupendo...

A minha foto
Nome:
Localização: Lisboa, Portugal

terça-feira, maio 16, 2006

E ainda mais uma vez, na casa de banho…

Cada vez me convenço mais de que o que escrevo deve ser lido na casa de banho, uma vez que muitos dos meus textos retratam esse magnífico e muitas vezes mal-cheiroso universo.

Por isso, caro leitor, julgo que não o aconselharei mal se lhe dizer para fazer uma impressão de alguns textos deste miserável “blogue” e a levar consigo para o seu “momento All-Bran”. Verá que estes textos podem ter um efeito regulador do funcionamento do seu intestino, especialmente se forem lidos com um sentimento de profunda comiseração para com o seu autor, como quem diz: “irra, que este tipo só escreve merda”.

No entanto, não o aconselho a levar como companhia para a sanita nenhum dos meus comentários linguísticos, pois receio que estes tenham o efeito de um poderoso laxante, ou então possam provocar violentas cólicas gástricas, motivada por secreções literárias de bílis…

Seja como, o texto de hoje é só para apresentar algumas das melhores frases que li hoje na casa de banho. Ao invés de um folheto do Lidl, ou de uma crónica da Pública, hoje dei por mim a cagar na biblioteca da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Quer dizer, não foi bem cagar na biblioteca em si – embora isso até fosse bem visto, como medida de protesto ao mau atendimento que a generalidade dos seus funcionários presta. Na realidade, fui despejar o meu intestino na casa de banho da biblioteca. E em boa hora o fiz, pois li algumas reflexões fabulosas, as quais transcrevo, e deixo à vossa reflexão:

“Bosch é bom, mas Broche ainda é melhor.”

(Eu sou grande apreciador da marca alemã, mas não há dúvida de que a “outra marca” é bem melhor… Grande verdade! O autor é um visionário!)

“Qual é a melhor hora do dia?

- As cinco e um quarto…”

(Ah, muito subtil, sim senhor… O bom humor do freguês que está claramente a cagar, tem uma caneta na mão, não trouxe nada para ler, e aprecia uma boa piadola marota. Genial!

No entanto, porque não as seis e um quarto? Ou as sete ou as oito?... Enfim, julgo que numa atitude previdente o nosso amigo achou que cinco eram a sua conta.

Eu já me contento perfeitamente com “uma e um quarto”…)

“Há merda que se pegas às solas, mas a maior parte lecciona nas escolas”

(Cá está, evidentemente, este nosso amigo está revoltado com os professores que tem, e liberta este desabafo enquanto liberta também umas gramas de esterco.

Este tipo de alívio é bastante proveitoso, pois não manda ninguém à merda directamente, mas é quase tão gostoso com se o tivesse realmente feito.

Agora que penso melhor, julgo que terá sido um aluno de 6º ano, a estagiar, e a falar sobre os seus colegas de escola…)

“Quem escreve nas portas é um grande cabrão!

- Olha, já me ofendi…”

(Ah… Que bonito! O milagre do paradoxo, ou a verdade de La Palisse… E assim, este escriba meditou um pouco sobre teoria da literatura, o acto de escrever, e lógica cartesiana… Ou então, esteve só a cagar, como eu…)

PS – Se experimentarem levar estes textos para a casa de banho, depois digam-me como é que correu, ok?

segunda-feira, maio 08, 2006

O meu balde do lixo é genial!

Hoje, uma colega minha partilhou comigo o seu desagrado por ter amigos que presentemente, por estarem casados, ou apenas com companheiros/as, não se encontram com ela sozinhos. Se fosse só isto, a coisa ainda não era má de todo, mas o pior é que, para além da companhia que agora não dispensam, os temas de conversa tornaram-se pouco interessantes, ou pelo menos insípidos.

Dizia ela que tinha ido jantar com três amigos, daqueles com quem ela era unha com carne há uns anos atrás, e que afinal, em vez de ser uma mesa para 4, acabou por ser uma mesa para…7. Pois, é que todos eles combinaram o jantar na primeira pessoa, mas acabaram por levar uma segunda pessoa, as suas caras-metade.

E se adicionarmos a isto haver um pequenino bebé, o que temos? Bom, basicamente, o chamado “gato por lebre”: pensamos que vamos recordar velhos acontecimentos num jantar intimista com 3 amigos, e acabamos a ter de dispensar elogios a um recém-nascido e a falar sobre como ele passa as noites…

Foi isto que lhe aconteceu.

E é isto que me perturba, pois coisas semelhantes andam a passar-se comigo.

Primeiro, como namoro, quando os meus amigos me convidam para jantar, cada vez mais é para os dois, mesmo que a minha namorada só os tenha visto por uma vez, e nunca tenham sequer falado.

Segundo, o mesmo acontece para o outro lado, ou seja, por vezes acontecem tediosos jantares em que toda a gente se conhece, menos a mim, que sou o “namorado da Marta”, ou simplesmente “o coiso”…

Por outro lado, uma vez que quase todos os meus amigos estão juntos, casados, ou para lá caminham, surge aqui um outro problema: a unidade que era o meu amigo aparenta agora ser uma unidade dupla, passo o paradoxo. Assim sendo, o meu amigo ou amiga já não responde a uma só voz, e normalmente é incapaz de apreciar piadas mordazes ou picantes, como era antigamente.

Mais, os temas de conversa mudam radicalmente.

Vou reproduzir aqui alguns diálogos, uns verídicos, outros aproximados da verdade, em género de anúncio do Reduce Fat Fast, ou seja, antes e depois de vidinha de casal colado que nem dois testículos, até que a morte os… tente separar…

Antes:

-Olhó gajo…

-Então, grande gay…

- Como é que isso vai, “man”?

- Olha, cá vamos andando. E tu?

- Eu também. Olha lá, disseram-me que tu agora andas a ganhar bem…

- Eh pá, pois é, arranjei uma cena fixe, nuns escritórios em Lisboa… Olha, pagam bem, e não me chateiam muito, por isso “está-se bem”…

- Fixe, fixe…

- Mas olha lá, eu é que ouvi dizer que tu agora é que estás bem… Que tens uma colegas muito giras, todas boas, lá no centro onde trabalhas… Como é, confirmas?

- Eh pá, é verdade, mas sabes com é: colegas são colegas; não há cá misturas…

- Pois… Sei… Até que um dia…

- Não, a sério…

- Sim, sim, claro… Tu sempre foste um grande porco…

- Eu?! Porco?! Tu é que andas para aí interessado nesta e na outra, e agora eu é que sou o porco?!

- Olha, então e o Zé?

- ‘Tá porreiro. O tipo está a safar-se lá no estrangeiro.

- Fixe, fixe… O gajo era bom naquilo…

- Ya…

- Então e ainda jogas à bola?

- Eh pá, vai-se jogando…

- Olha, mas o Porto lá ganhou, hein? Cagões…

Cá está, a bela conversa da treta que tanto prazer dá! E isto sem contar com as gigantescas ondas nostálgicas sobre férias incríveis, ou aventuras que podiam ter dado para o torto, mas não deram…

Depois:

- Olhó gajo…

- Então, grande gay…

- Gay, não… Tem respeito que está aqui a minha mulher…

- Eh pá, era a brincar, não achas?

- Olha, esta é a Manuela.

- Olá.

- Olá Manuela, prazer em conhecer-te…

- Igualmente, e olha, este é o nosso filho, o Frederico…

- Ah… este é que é o famoso “pestinha”, o tipo que agora não te deixa dormir e te faz ter saudades das grandes bebedeiras em que nem um rádio no máximo colado às tuas orelhas te acordava, não é?

- “Pestinha”?! Ele é lindo, é mesmo um amor, não és filhote?

- …

- E de que bebedeiras é que o João está a falar, querido?

- Nada, querida… Ele está a brincar…

- A brincar?!?! Então, “man”, não me digas que já não te lembras daquela noite em Santos… PORRA, para que é que me deste essa canelada debaixo da mesa?!

- Mas tu bebes, amor?

- Este gajo?! Bem, este tipo mandava uma garrafa abaixo por hora…

- Já te calavas, ó João…

- (silêncio)

- É bonito, é o puto…

- É uma menina…

- (silêncio)

- Então, o que é que tens feito?

- Olha, estamos agora a chegar do Ikea. Fomos comprar um caixote do lixo genial, com três divisórias bem grandes para facilitar a separação dos lixos. Aquilo é mesmo bom, parece ser bem sólido, e só custou 19,90€…

- Caixote do lixo genial…

- Sim, tem três áreas perfeitamente independentes, um pedal para não teres de levantar a tampa com as mãos, e…

- Caixote do lixo genial? Nunca pensei que o adjectivo genial pudesse predicar na mesma frase um objecto como um caixote do lixo…

- Não, mas no Ikea compram-se umas coisas porreiras… E baratas. Se bem que no Conforama também. Olha, por exemplo, os nossos suportes para panos de cozinha são de lá, e foram uma pechincha, mas também são muito bons, muito bons mesmo…

- Suportes para panos de cozinha… Como é que sabes que são muito bons? O que é que faria com que eles pudessem ser menos bons? Ou mesmo maus?

(Silêncio)

- Lá estás tu com essas merdas… Olha, quando é que tu te casa? Já estás em idade disso…

- Ora bem, não sei bem se estou a pensar…

- E um filhote, quando é que és pai, pá?

- Han?!

- Sim, já imaginaste: os nossos filhos a jogar à bola enquanto nós assamos umas febras no churrasco e as nossas esposas fazem uma saladinha e trazem umas cervejas para a malta… Só faltas tu, pá!

- Pois era, amor… Era lindo… Especialmente com aquele churrasco que comprámos no Aki, que é grande e foi barato…

Chiça!

Counter Stats
magazines
magazines Counter