De novo na casa de banho…
Não, não descobri nenhum pastor alemão congelado, nem estava a satisfazer necessidades de voyeurista, espreitando meninas a fazer chichi. Vão lá e vejam sobre o que é, se quiserem.
De qualquer modo, considero-o o texto fundador deste blogue – um texto que tem por base experiências numa casa de banho, para um blogue que só deve mesmo ser lido na casa de banho, quando um tipo se esqueceu de levar o folheto do Lidl para ler enquanto “obra”.
Seja como for, este textozinho relata mais uma aventura numa casa de banho.
No dia 25 de Abril decidi celebrar a revolução indo ao cinema.
Ok, talvez não tenha sido para celebrar nada; foi só mesmo para aproveitar o feriado. Seja como for, fui ao cinema e empanturrei-me em pipocas e Ice-Tea, pelo que, assim que saí, tive de ir à casa de banho “mudar a águas às azeitonas”, e foi aqui que tudo se deu.
Imediatamente depois de eu entrar, entraram 3 ou 4 tipos – sim, porque desta vez eu acertei na casa de banho, e não fui à das mulheres. Eu dirigi-me para um dos cubículos com a retrete, e dos outros tipos, apenas um se dirigiu aos urinóis – os outros imitaram-me.
Ora, quando se ouvia poderosos esguichos a baterem nas beatas que estavam na água suja da sanita, o tipo que estava nos urinóis saiu-se com esta: “Ouçam lá, se vocês não vão cagar, porque é que mijam sempre aí, e não aqui? Estão com medo de alguma coisa?”
Bem, eu puxei o autoclismo e saí, e os outros tipos fizeram o mesmo. Claro está que nos encontrámos nos lavatórios, e aqui está o intrigante: o silêncio era ensurdecedor. O inquiridor claramente esperava uma resposta, mas os outros tipos estavam com os olhos pregados nas mãos, sem dizer nada.
Eu saí do WC e fiquei a pensar um pouco no assunto.
A verdade é que eu vou sempre à retrete e não ao urinol, mesmo que seja só para mictar. Porquê?
Ora bem, efectivamente, se todos os urinóis de uma casa de banho estiverem ocupados por moçambicanos, é óbvio que não me apetece ir ao único urinol livre. Sim, neste caso estaria com medo de algumas coisas: se fosse um racista generalista, estaria com medo de ser assaltado; sendo apenas um tipo observador, bom, digamos que recearia ver o meu índice de virilidade diminuído…
Por outro lado, se em vez de moçambicanos estivessem chineses, bem, aí iria airosamente até o urinol livre… Ou então não…
Acho que procuraria sempre a retrete.
Não é tanto um problema de comparação; é mais o facto da retrete nos dar uma certa intimidade que nos alivia e ampara. Por exemplo, quando um tipo liberta um gás, se estiver no cubículo, ninguém sabe quem é, e todos se riem. Se estiver no urinol, ouvem-se logo bocas: “Ganda porco… Fecha a boca!”, “Cala-te, ó javardolas!”
Por outro lado, enquanto se mija, se estivermos no cubículo podemos pensar na vida – sim, é uma momentânea reflexão, mas normalmente é sempre muito proveitosa, pois é acompanhada de uma sensação de alívio inigualável.
Se estivermos no urinol, isso não é possível, pois temos de nos preocupar com a nossa carteira, que está no bolso de trás das calças.
Para já não falar no muito pouco higiénico problema das gotas, e penso que este é que é o cerne da questão: os homens são famosos por sujarem as sanitas, por não conseguirem urinar sem fazer um bonito e pérfido charco. Ora se a mijinha for feita num urinol, é óbvio que o repuxo é vai atingir os colegas do lado, especialmente se nós fizermos o que fazemos sempre que temos de ir a um urinol: tentar acertar nas bolinhas de naftalina até elas se dividirem.
E depois de mijar, o que se faz? Exacto, sacode-se a gaita, não olhando para onde voam os salpicos.
Com é óbvio, isto é muito pouco higiénico, e pode dar origem a sérios problemas com os vizinhos.
Deve ser por isso que os homens – todos sem excepção – preferem ir mijar ao apertado cubículo com a retrete, em vez de se aliviarem no urinol, para já não falar no estímulo intelectual que é a chamada literatura de porta da casa de banho – verdadeiras pérolas, que às vezes até rimam!
Claro que, quando um tipo faz
Mas, se estivermos mesmo à rasca, não há tempo para reflexões, nem para apreciar os escritos nas portas, e estamos completamente a borrifar-nos se apanhamos ou não com um pinguinho de urina de um vizinho.
E pronto, chega de javardice inconsequente.