Blog do Homem Estupendo

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terça-feira, julho 18, 2006

Então e a gripe das aves?

Aqui há uns meses atrás, todos os órgãos de comunicação social andavam alarmados e a alarmar o povão acerca da gripe das aves. Com efeito, não era uma questão de se saber se iríamos ser afectados por tal doença, mas sim uma questão de quando é que seríamos afectados pela dita, em larga escala, e como poderíamos resistir.

Isto foi há uns meses.

Com efeito, até o Homem Estupendo, decerto estupidamente estupidificado pelas estúpidas notícias que vinham então a lume, sempre em grande tom dramático e perversamente apaixonado, acabou por escrever um textozinho acerca do assunto. (Se tiverem pachorra, vejam mais abaixo, ou na lista dos “posts” passados.)

Lembro-me bem de ver José Rodrigues dos Santos aos saltos na sua cadeira de pivot, projectando tanto quanto possível as suas orelhas para dentro das nossas salas, dizendo notícias que tinham tanto de informativas e pedagógicas, como de aterrorizadoras e falsas – pelo menos, até ao momento.

“Portugal não está preparado para a pandemia”

“Um em cada três portugueses morreria se a pandemia entrasse hoje em Portugal.”

“O número de vacinas e medicamentos importados pelo Governo por causa da gripe das aves não seria suficiente para salvar mais do que 1/10 da população portuguesa.”

(Se bem me lembro, este último título era da TVI, como seria facilmente perceptível pelo sensacionalismo terrorista)

E desde então o que tivemos?

Bom, os táxis continuam a matar pombos, e as carcaças ficam no chão até os ratos as comerem e depois virem passear até às nossas canalizações.

Os caçadores continuam a caçar perdizes e patos, e a fazer grandes jantaradas com os bichos, sem que no entanto sejam conhecidos casos de mortes nesses ambientes. Aliás, os indivíduos que acabaram por perder a vida neste contexto apresentaram sempre chumbadas de amigos no cu e/ou um violento bafo a Jack Daniels, 15 anos – nada que se possa imputar ao tal H5N1, a menos que o vírus agora venha conservado em álcool…

Por outro lado, tivemos o Mundial, o calor, a praia, agora uma guerrazinha no Líbano, enfim, tudo coisas que, felizmente, distraem o vírus H5N1, ou pelo menos o mantém entretido e longe.

Aliás, estou em crer que o H5N1 é amante da selecção portuguesa, pois deve identificar-se com ela: muito se fala dela, tem capacidades extraordinárias, é absolutamente temida pelos adversários, mas nunca conseguiu nenhum feito mundial.

Que se saiba, o vírus também só conseguiu ganhar jogos contra alguns chineses, que ainda praticam futebol sem chuteiras, e também alguns amigáveis contra selecções da Ásia, se bem que nalguns casos se suspeite de favorecimento do árbitro.

Cá para mim, o H5N1 não passou de uma estratégia conjunta entre farmacêuticas famintas de dinheiro e um poderoso grupo representativo das aves que são comidas por este mundo fora. Juntos, tentaram conciliar objectivos: numa histérica pandemia, quem tivesse a vacina, enriqueceria; por outro lado, perus, galinhas, patos e afins devem ter podido descansar um pouco mais, e ter algum sossego, longe das panelas e tachos.

No entanto, minhas caríssimas aves, devem pôr-se novamente em alerta, pois os efeitos do H5N1 já se foi, e já só faltam 6 meses para o Natal.

PS – Especialmente para os Perus, vejam se inventam mais qualquer coisa, e rapidamente, porque graças às promoções dos hipermercados, as promoções dos perus de Natal começam no final de Setembro, logo depois da animada promoção do regresso às aulas…

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