Blog do Homem Estupendo

O "blog" de um homem que é tudo menos estupendo...

A minha foto
Nome:
Localização: Lisboa, Portugal

quinta-feira, agosto 16, 2007

Vai-te "Qatar"!

Meus caros, como alguns bem sabem, tenho estado entregue a uma tarefa que me sugou todas as palavras e vontade de escrever durante os últimos tempos.

A pedido de muita gente - bom, pelo menos de alguma gente; vá de duas ou três pessoas; ok, ninguém me pediu! - decidi ressuscitar este bloguezinho merdoso.

À falta de imaginação, decidi abordar um tema realmente importante para mim e que tem vindo ao meu encontro com elevada frequência ultimamente. Aliás, não tem vindo ao meu encontro; tem mesmo vindo de encontro a mim, qual Renault Espace carregada de emigrantes lusitanos a 200 km/h nas auto-estradas espanholas contra um camião de combustível!
De facto, os meus amigos estão cada vez mais dispersos por este mundo. Assim, já há descendentes de Viriato no Brasil, na Bélgica, em França, na Áustria, em Angola, em Espanha, e contam-se passagens por BsAs, Equador, Barcelona, Escócia, Dinamarca, eu sei lá!

Em breve, também haverá um no Qatar! Ora, como esse senhor "brinca com fotos", achei por bem fazer uma "piquena" brincadeira, só para que ele veja o poder do Paint do Windows, qual Photoshop! Siga!

Hora de Ponta em Doha - 2008

Equipe de trabalho - 2008
(Notem que há ali uma gaja!)

Passeio ao ponto mais alto do Qatar - 2008

Duna mais alta do Qatar - 2008


Rich Tuga petrol businessman in Qatar - 2009
Que tudo te corra bem!
آلة غراندي

quarta-feira, setembro 20, 2006

Publicidade erótica, ou é tudo na minha cabeça?

Este post é apenas um apontamento, uma reflexão curta e, se calhar, como é habitual, completamente desprovida de pertinência.

Num destes dias, abri a minha caixa do correio e dei de caras com um folheto da Casa, a conhecida loja de artigos para o lar. Bom, levei-o para casa, juntamente com muitos outros prospectos publicitários, mas este chamou-me a atenção especialmente. Porquê? Bom, porque tinha escrito, a letras garrafais, como título: “Festa da Verga”.

“Festa da Verga”?!

Tudo bem que a verga é um material com que se faz mobiliário, mas será que é possível ignorar também as conotações menos literárias do termo?
Ou terá sido só na minha pervertida cabeça que a expressão se sinonimizou com palavras como: rambóia sexual, orgia, título de filme porno, hino ao falo, menir.

Menir?!

Bom, adiante.

Para piorar a coisa, fui descobrir, entre os outros panfletos, um pequeno papel que fazia publicidade a uma engomadoria na Pontinha.

Pois, perante a minha estupefacção, alguém teve a brilhante ideia de chamar à loja “Engomapontinha” e de escrever isto no dito papel, em letras douradas, num fundo vermelho…

Novamente, pulularam na minha mente ideias como rambóia sexual, orgia, título de filme porno, hino ao falo, menir ou “Festa da Verga”!

Menir outra vez?!

Quem é que está por trás disto?!
O que se passa aqui?!
Será que é só na minha cabeça que as expressões “Festa da Verga” e “Engomapontinha” têm conotações profundamente sexuais?!

Será que os inventivos criativos que pensavam em trocadilhos pouco poéticos para os títulos dos filmes porno agora são directores de marketing de sucesso, que conseguiram importantes lugares na Casa e na… Engomapontinha, mas não conseguiram ultrapassar o espartilho da sua anterior experiência profissional?

Digam-me se isto é só na minha cabeça, por favor!




“Cabeça”?

quarta-feira, setembro 13, 2006

Manta Rota, em Setembro

Os grilos e as cigarras começam a calar-se,
ou então é o barulho dos homens que se lhes sobrepõe.

A neblina das sete aqui está,
sustendo o calor matinal que já quer irromper,
por de trás das poucas nuvens baixas que se aliam ao horizonte.

Velhos e netos, ou pais e recém-nascidos, com invejável vagar,
vão, serenamente, até à praia,
e acordam algumas surpreendidas gaivotas que dormiram até mais tarde.

Quando o sol pica nas cabeças dos desprevenidos,
os que estavam na praia dão lugar a jovens para quem a noite findou há pouco,
e a casais apaixonados, que romanticamente se embrenham nas dunas,
descobrindo sem pudor os seus corpos.

Esta é a hora em que o calor sensualiza os disponíveis para amar,
e fustiga as peles morenas e cansadas dos conquilheiros que chegam para a faina.

Entretanto, o sol já permite o regresso daqueles que o gozam com moderação,
e os pescadores e conquilheiros, que já não têm a maré de feição,
abandonam a praia, com baldes de vida que mais tarde será petisco.

Ao ocaso, os casais e os velhos cedem os lugares às gaivotas que procuram um poiso para pernoitar,
embora um cão, mais com curiosidade do que com maldade, corra atrás delas.

O mar, aproveitando a lua cheia e o equinócio que se aproxima,
galga areias que já não beijava há um ano,
como que resmungando de tantos banhistas que o usaram,
e querendo enxotar os poucos que ainda o abraçam.

Quase sem se dar por isso, o sol já tombou sobre Cacela Velha,
facto que faz o céu ficar pintado de exuberantes cores cerúleas,
enquanto os mosquitos procuram abrigo nas dunas.

Sob os voos rasantes das andorinhas e das gaivotas,
regressamos a casa, pois é hora do jantar,
estando sempre acompanhados pelo índigo celeste.

Por fim, quando a noite cai e o céu estrelado impera,
a temperatura dá-nos descanso,
e, ao longe, tudo o que ouvimos é o mar.

Pouco depois, os grilos e as cigarras juntam as suas melodias à do mar
e, como que por magia, somos embalados em sonhos paradisíacos.

terça-feira, agosto 29, 2006

Qué lá isto?!

Nesta história, várias personagens o viam como um indivíduo egocêntrico, pois era filho único. Aliás, este era o primeiro de muitos defeitos que ele tinha. Ou melhor, era razão de muitos dos defeitos do indivíduo, porque, por ser filho único, não sabia trabalhar em equipe, não sabia partilhar alegrias nem problemas, não conseguia pensar nos outros antes de si, detestava enfrentar um problema de frente e raramente dizia o que pensava verdadeiramente, e, o que era ainda pior, não tinha a mais pequena capacidade de ser auto-crítico. Quer isto dizer que, embora fosse um indivíduo com algum valor, fundamentalmente porque até sabia umas coisas largas da área em que trabalhava, ele era visto como um rapaz estranho, antipático, altivo, a roçar o arrogante. Uma besta.

Outras personagens – talvez com um conhecimento do indivíduo mais profundo, ou pelo menos de há mais tempo – viam-no como um rapaz brincalhão, bem-humorado, bom confidente, sonhador, e estranhamente sincero e directo. Era o tipo de moço com quem se pode passar umas noites cheias de alegria e diversão, em quem se pode confiar cegamente e com quem se pode partilhar histórias rocambolescas. Porém, de tempos em tempos, por ser demasiado sincero, feria essas personagens com críticas incisivas e irremediavelmente directas. É que, por vezes, ele não estava com rodeios e, sem qualquer pudor ou sensibilidade, dizia o que lhe ia na mente, ferindo os sentimentos dessas personagens que, estranhamente, o tinham, mesmo assim, em boa conta. Digamos que o viam como um bom rapaz, mas um verdadeiro “calhau com olhos”, designação repetida várias vezes por uma ex-namorada do tipo, especialmente quando discutia com ele.

A narradora desta história acha que o rapaz tem um coração do tamanho do mundo, e sabe que ele gosta muito dela. Sabe também que ele é um indivíduo que está quase sempre alegre, mas que, quando não está, acaba sempre por evidenciar um mau-humor desgraçado, típico de um depressivo crónico, que no entanto disfarça tal facto com sucesso. Ela sabe também que ele raramente toma decisões e que gosta muito de ser guiado, levado pelo amor e pela sensualidade, embora isto seja, muitas vezes, mau, pois, por ser indeciso, acaba por ser apático e, como consequência, não estimula nem impulsiona uma vida a dois. Por isso, embora, como já tenha dito, a narradora goste muito dele, e ele seja fundamental para a alegria e o bem estar desta, na realidade, recentemente, ela tem descoberto que, afinal, ele é um bocado arrogante, altivo e insensível, género “calhau com olhos”, ou mesmo uma “besta”.

O autor deste texto acha que já é tarde, pois já passa da uma da manhã e, porque amanhã é dia de labuta, devia estar a dormir, para não andar a passear as olheiras do costume pelo trabalho. Em vez de estar a escrever sobre este energúmeno egocêntrico, teimoso e insensível – acção, em si mesmo, muito egocêntrica, repara agora o autor, com um triste e vencido suspiro… – o autor decide que se vai deitar, e assim resolve fazer um ponto final

Cá está ele

.




O Homem-Estupendo não compreende porque razão é que publicou este texto no seu blogue, nem conhece o indivíduo de que se fala, mas amanhã vai pedir explicações ao autor deste texto, logo pela manhã, que é para o ver com olheiras... (Toma lá que já almoçaste!)

E vai pedir-lhe também que explique porque é que a narradora gosta do tipo, se ele é considerado por algumas personagens como um “calhau com olhos” e por outras como uma besta. O Homem-Estupendo acha muito pouco credível que alguém possa gostar de um tipo assim e, já agora, considera de muito mau gosto aquela piadinha do ponto final.

Deprimente, irra!

segunda-feira, agosto 21, 2006

País do Jeitosos - porque é que ando zangado...

As pessoas que me são mais chegadas sabem que, ultimamente, tenho andado um bocado chateado com a vida, ou seja, ainda tenho estado mais mal-humorado e antipático do que já é habitual.

Entre os vários factores que contribuem para esse sentimento, conta-se um social, ou melhor, nacional. Passo a explicar: chateia-me, cada vez mais, a política do tugazinho, a maneira de pensar mesquinha e sem objectivos dignos do nosso povo, a nossa infeliz e queixosa portugalidade.

Talvez isto não seja muito claro para muita gente, ou os termos que utilizei não tenham sido elucidativos. Porém, acontece que ando a ler, presentemente, um livro do José Pedro Gomes, o Mike do Melga, o Cachucho do Casino Royal, e o tipo escreve algo que me ajudará a pintar melhor estas palavras, ou seja, os meus motivos para desagrado e agasto.

Isto agora pode soar a Prof. Marcelo a aconselhar livros, no seu opinário semanal, ou roçar a erudição literária de um qualquer programa do Francisco José Viegas que ninguém vê. Porém, não resisto a transcrever uma parte do texto do tal livro (País dos Jeitosos, Ulisseia, 2006), pois essa parte serve para caracterizar exactamente aquilo que me agasta sobejamente no nosso país. É que, como já disse noutros “posts”, Portugal é um país magnífico; o problema são os seus habitantes…

“Cá para mim, e sendo um bocadinho brutal mas verdadeiro, o portuga há uns 70 anos que tem tudo dado. Aquilo que fomos aprendendo e passando de pais para filhos não foi uma cultura de “esforça-te e consegues”! Não. Foi mais uma cultura de “aguenta os cavais que há-de escorrer qualquer coisa…” Ou: “Tu não te mexas, que arranjas sarilho. Alguém há-de fazer alguma coisa, que isto não se aguenta!”
À sombra da bananeira, o portuga mamou 50 anos de ditadura – “também não se estava assim tão mal…” -, 12 ou 13 de guerra – “Atão, aquilo era o ultramar…” -, e, não fossem uns capitães, ainda estávamos todos a chafurdar nisso.
A liberdade foi-nos dada. (…) O nível de vida que temos neste momento foi-nos dado pela CEE.
Batalhámos muito pouco pelo que temos.
É por isso que, para a maioria dos portugas, uma pessoas que aponte coisas que estão mal, ou tem mau feitio, ou está à procura de chatices…”
[pág. 75]

“O mirone é primo do burgesso que tem um carro prateado de 10 mil contos mas não tem kit mãos livres para o telemóvel porque é caro, é sobrinho da senhora do jipe que vai na faixa da esquerda a 60 km/h a chatear toda a gente, é genro do fulano de bigode da carrinha que não pára nas passadeiras de peões, é neto do senhor do boné que não tem um farol e o outro está a apontar para os nossos olhos, é compadre do barrigudo que invade propriedades dos outros aos tiros a tudo o que mexe, e do autarca que tem um tacho na Câmara há 20 anos e já lá enfiou toda a família. É cunhado dos polícias que passeiam de carro, sempre em grupos de 3, e nunca param onde é preciso, e é igualzinho ao irmão, que fala muito mas não faz nada. E foi o mirone que ficou muito contente ao inventar aquela frase: “Em terra de cegos, quem tem um olho é rei”… Que país!”
[pág. 41]

À falta de originalidade: Que país!...

domingo, agosto 13, 2006

Meu Querido Mês de Agosto

Manta Rota, 2 a 11 de Agosto de 2006

Praia:

Arrumar o carro; Andar pelas passadeiras de madeira e chegar à pra…

Pessoascalorpessoascalorpessoascãopessoascalor

pessoascalorpessoascãopessoascalorpessoascalor

pessoasdonortepessoascalorpessoascalorpessoas

alcoolizadasafazermuitobarulhopessoascalor

pessoasumagajaboanuapessoas;

Regressar:

Andar pelas passadeiras de madeira da praia até ao estacionamento; sacudir a areia dos pés, metermo-nos no carro e…

Carroscalorcarroscalorcarrosparadoscalor

carrosfilassemelhantesàsdoIC19
calorcarrospessoascalorcarrospessoascalor

carrospessoadasparadasnomeio
daruacalorcarrosparadosnomeiodarua

pessoascalorcarros;

Jantar em casa e depois, por volta das 21:30, (tentar) ir a um café beber uma bica:

Calorcalorcalorpessoascalorpessoascalor

pessoasnemumacadeiralivrecalor
pessoasmiúdosaosgritoscalorpessoasgenteaosgritos

calorpessoasgenteaosgritoscalorpessoascasa,

sem café tomado;

Noite:

00h – calorgritosnasruacarrosnaruagentequegrite

miúdosqueberramvizinhosquepossuemmegafonesnas

goelasjanelasabertasporcausadocalor;

01h - calorcarrosnaruagentequegritemiúdosqueberram

vizinhosquepossuemmegafonesnasgoelasjanelasabertas

porcausadocalor;

02h – calorcarrosnaruacalorMartaaressonarcalorjanelas

abertasporcausadocalor;

03h – zzz

04h - calorcalorcalorcalorcalorcalorcalorjanelas

abertasporcausadocalor, cabeça de baixo do chuveiro;

06h – fecharjanelasabertasporcausadocalor, poisagoraestáaentraraluzdaaurora;

07h – picpicpicpocpocpocpicpicpicpocpocpoc (obras na vizinhança);

08h – zzz

09h – criançasquebrincamaoscowboysequeberram

comosenãohouvesseamanhã;

10h – Bum…Bum…Bum…Bum…Bum…Bum (aparentemente, os meus vizinhos de baixo não sabiam que era possível fechar portas e portões sem os projectar com toda a violência…)

11h – Marta a fungar e a ver os Morangos com Açúcar, à espera de que eu acorde (leia-se: adormeça…);

Praia:

Arrumar o carro; Andar pelas passadeiras de madeira e

chegar à pra…

Pessoascalorpessoascalorpessoascãopessoascalor

pessoascalorpessoascãopessoascalorpessoascalor

pessoasdonortepessoascalorpessoascalorpessoas
alcoolizadasafazermuitobarulhopessoascalor

pessoasumagajaboanuapessoas;

Algarve em Agosto? Verão em Portugal?

Nunca mais!

terça-feira, julho 18, 2006

Então e a gripe das aves?

Aqui há uns meses atrás, todos os órgãos de comunicação social andavam alarmados e a alarmar o povão acerca da gripe das aves. Com efeito, não era uma questão de se saber se iríamos ser afectados por tal doença, mas sim uma questão de quando é que seríamos afectados pela dita, em larga escala, e como poderíamos resistir.

Isto foi há uns meses.

Com efeito, até o Homem Estupendo, decerto estupidamente estupidificado pelas estúpidas notícias que vinham então a lume, sempre em grande tom dramático e perversamente apaixonado, acabou por escrever um textozinho acerca do assunto. (Se tiverem pachorra, vejam mais abaixo, ou na lista dos “posts” passados.)

Lembro-me bem de ver José Rodrigues dos Santos aos saltos na sua cadeira de pivot, projectando tanto quanto possível as suas orelhas para dentro das nossas salas, dizendo notícias que tinham tanto de informativas e pedagógicas, como de aterrorizadoras e falsas – pelo menos, até ao momento.

“Portugal não está preparado para a pandemia”

“Um em cada três portugueses morreria se a pandemia entrasse hoje em Portugal.”

“O número de vacinas e medicamentos importados pelo Governo por causa da gripe das aves não seria suficiente para salvar mais do que 1/10 da população portuguesa.”

(Se bem me lembro, este último título era da TVI, como seria facilmente perceptível pelo sensacionalismo terrorista)

E desde então o que tivemos?

Bom, os táxis continuam a matar pombos, e as carcaças ficam no chão até os ratos as comerem e depois virem passear até às nossas canalizações.

Os caçadores continuam a caçar perdizes e patos, e a fazer grandes jantaradas com os bichos, sem que no entanto sejam conhecidos casos de mortes nesses ambientes. Aliás, os indivíduos que acabaram por perder a vida neste contexto apresentaram sempre chumbadas de amigos no cu e/ou um violento bafo a Jack Daniels, 15 anos – nada que se possa imputar ao tal H5N1, a menos que o vírus agora venha conservado em álcool…

Por outro lado, tivemos o Mundial, o calor, a praia, agora uma guerrazinha no Líbano, enfim, tudo coisas que, felizmente, distraem o vírus H5N1, ou pelo menos o mantém entretido e longe.

Aliás, estou em crer que o H5N1 é amante da selecção portuguesa, pois deve identificar-se com ela: muito se fala dela, tem capacidades extraordinárias, é absolutamente temida pelos adversários, mas nunca conseguiu nenhum feito mundial.

Que se saiba, o vírus também só conseguiu ganhar jogos contra alguns chineses, que ainda praticam futebol sem chuteiras, e também alguns amigáveis contra selecções da Ásia, se bem que nalguns casos se suspeite de favorecimento do árbitro.

Cá para mim, o H5N1 não passou de uma estratégia conjunta entre farmacêuticas famintas de dinheiro e um poderoso grupo representativo das aves que são comidas por este mundo fora. Juntos, tentaram conciliar objectivos: numa histérica pandemia, quem tivesse a vacina, enriqueceria; por outro lado, perus, galinhas, patos e afins devem ter podido descansar um pouco mais, e ter algum sossego, longe das panelas e tachos.

No entanto, minhas caríssimas aves, devem pôr-se novamente em alerta, pois os efeitos do H5N1 já se foi, e já só faltam 6 meses para o Natal.

PS – Especialmente para os Perus, vejam se inventam mais qualquer coisa, e rapidamente, porque graças às promoções dos hipermercados, as promoções dos perus de Natal começam no final de Setembro, logo depois da animada promoção do regresso às aulas…

terça-feira, julho 11, 2006

Novidades, novidades, só no… Feira Nova!

Nesta sexta-feira, ao final da tarde, acompanhei a minha namorada até ao Feira Nova, para fazermos as compras alimentares necessárias a quem, muito infelizmente, não pode passar o fim-de-semana a saltitar de restaurante em restaurante.

Confesso que fiquei muito feliz por termos de ir às compras, pois fico absolutamente fascinado com aquele universo fantástico, repleto de antipatia e agressividade na condução dos carrinhos, de lutas desenfreadas pelo pedaço de carne embalada com o preço mais acessível, ou pela promoção do sumo que dá dois e só pagamos um! Há que convir que é um cenário estupendo para se perceber porque é que já fizemos duas guerras mundiais.

Aliás, desde pequenino que gosto de ir às compras. A minha mãe faz sempre questão de contar às amigas dois episódios da minha juventude, acerca das idas aos hipermercados. No primeiro, ela relata como eu, certo dia, já farto de andar de um lado para o outro atrás da tal promoção, e não querendo estar dentro do carrinho, mandei-me para o chão e comecei numa violenta birra, que só terminou quando eu senti uma enorme dor de cabeça, pois, a certa altura, perdi a noção de que era doloroso bater com a testa no chão, e, apenas para mostrar o meu desagrado, acabei por fazer tal insólita acção.

Não tentem isto em casa.

O outro episódio diz respeito aos meus dotes de actor que ainda estão para revelar. É que, segundo contam, a certa altura, sempre que a minha mãe me dizia que íamos às compras, eu ia ter com ela, com um visível ar amarelado e doentio, e dizia-lhe simplesmente aquelas palavras que são suficientes para fazer uma mãe ficar preocupada com o seu rebento, e cancelar eventuais planos: “mãe, estou um bocado tonto e dói-me a cabeça; acho que estou a ficar doente…”

Claro que à terceira ou quarta vez, a manha começou a ser demasiado claro e fui descoberto.

Voltando ao Feira Nova, quero apenas relatar o absurdo da situação, e nem vos vou dizer que demorámos mais de uma hora apenas para comprar uns bifes, um sumo e vegetais para uma salada – é que não havia acordo, e houve muitas indecisões…

Agora que não vos disse isto, posso dizer-vos o que me aconteceu, à saída.

Depois de depositarmos os produtos no mini-tapete rolante da caixa, eu passei por trás da Marta com o carrinho, e comecei a encher os sacos. Neste momento, vejo que o tipo da caixa se encontra a fixar avidamente o decote da minha namorada. Aliás, podia-se ver generosos litros de baba a escorrer pelos beiços do fulano, de tal forma que temi pela minha saúde, pois não tenho o hábito de andar de galochas. Pelo menos, no Verão.

Até aqui, nada de novo. Senhores a olharem para o decote da minha namorada são muitos, e eu até acho piada às figuras que por vezes vejo. Mas o que a seguir se passou foi um pouco de mais. De repente, o tipo sai-se com esta para ela:

- Então, vais ver o jogo amanhã?

Completamente submerso no meu espanto, continuei a encher os sacos, mas olhei para o tipo, com as minhas sobrancelhas a colarem-se à minha careca, profundamente espantadas.

A Marta murmurou qualquer coisa, visivelmente surpreendida também, e o tipo voltou à carga:

- Tem de ser, não é? A ver se ganhamos à França… E vais ver o jogo com amigos?

Podem não ser grandes frases de engate, mas pelo sim, pelo não, optei por me fazer notado: cheguei-me um pouco mais para a Marta, e disfarcei o movimento pedindo hipocritamente mais sacos ao tipo, só para ver se ele se apercebia da minha presença no local, e fazia a difícil soma de 1+1=2.

Não sei se foi por ter estado a passar os olhos pela Nova Gente na fila, e por ter imitado o Cláudio Ramos enquanto não chegava a nossa vez, mas o tipo ignorou-me perfeitamente, e lançou mais uma frase para a Marta, desta vez em tom jocoso:

- Esta gravata, hoje, está a matar-me… Parece uma forca… E com este calor…

E, indubitavelmente, acompanhou o pronunciamento da palavra “calor” com mais uma indiscreta mirada ao decote da Marta.

Apeteceu-me assobiar, gritar-lhe aos ouvidos, ou procurar os óculos escuros, a bengala e o cão debaixo do balcão, mas fiquei apenas boquiaberto e especulativo a olhar para o tipo.

Embora esta experiência me leve a pensar que se calhar, ultimamente, sou tão insignificante ou estou tão pateticamente em baixo de forma, que não constituo ameaça à integridade física de quem cobice a minha namorada, por outro lado tenho que admitir que o que o tipo fez requereu alguma coragem. Por isso, para ele o meu cínico aplauso.

Seja como for, para mim, estas novas abordagens, directas e indecorosas, isto sim são novidades.

domingo, junho 25, 2006

(Re)Encontros (parte 1)

(Advertência: este post deve ser lido tendo em conta que o que lhe antecede relata acontecimentos ocorridos depois dos acontecimentos relatados neste. Confuso? É apenas a magia da alteração da cronologia através da escrita, ou, neste caso, através... disto. É que para pôr tudo num só post, ele ficaria demasiado grande, e assim consegue-se um efeito de curiosidade, capaz de levar o meu paciente leitor a inutilizar mais uns minutos do seu precioso tempo. Assim, em vez de estar a trabalhar e a ajudar Portugal a sair do buraco, ou apenas em frente à SportTv a ver o Mundial, poderá ler mais algumas humilhantes informações acerca do meu dia-a-dia estupidamente insignificante, e exclamar, no final da leitura, "porra, grande bimbo!".
Feita a advertência, cá vai o tal dois em um. Neste caso, um em dois.)


Hoje à tarde desloquei-me, novamente, à biblioteca da faculdade de letras.

Estava um pouco reticente em voltar lá tão cedo e ter de enfrentar aquela funcionária “hipercundríaca”, mas teve mesmo de ser.

Muni-me de duas pistolas de seis tiros, pus os coldres, um palito no canto da boca, dei a minha cuspidela para o chão e afaguei o meu chapéu, e entrei na biblioteca.

No segundo andar, por trás de um singelo balcão a fazer lembrar os balcões dos saloons do far west, mas onde, em vez de cervejas e copos de tequilla ou whiskey, apenas se amontoam livros, lá estava ela.

Avancei com coragem e determinação, e sem demora lancei-lhe rudemente:

- Muito boa tarde, minha cara senhora…

Lamentavelmente para vós, leitores ávidos de sangue e curiosos por tudo o que seja rocambolesco, a senhora não só não me reconheceu, como se mostrou bastante prestável, acedendo a explicar-me algumas coisas relativas às cotas dos livros em depósito. Afinal, devem existir mais utentes a darem-lhe respostas tortas, ou a reclamar apenas um serviço digno. Não lhe fiquei na memória.

(Re)Encontros (parte 2)

Por outro lado, e só para não ficarem tristes, aqui vai um episódio, este sim, rocambolesco.

Quando saí da biblioteca, fui lanchar ao bar da faculdade.

Por estes dias, a biblioteca e toda a faculdade andam bastante vazias, pois é época de exames e, para ajudar, Portugal jogava com o México neste dia.

Ora, depois de algumas horas nos livros, o Ice Tea que bebi ao almoço teve de ser expulso da minha intolerante bexiga, pelo que passei pela casa de banho antes de ir para o bar.

Antes de pensarem: será que ele lavou as mãos?!, devo dizer-vos que não, não lavei, o que fará de mim um porco inominável, ou apenas um tipo que não tem nojo do seu sexo, e o mantém lavadinho. Ou então, sou só um tipo que sabe mijar, sem pintar as mãos de amarelo…

De qualquer modo, ia a entrar no bar, e vejo um tipo, que estava sentado a uma mesa, sozinho, a olhar para mim. Porém, não foi só um trocar de olhos, um “ser notado”. Foi mais do que isso, pois o tipo olhou insistentemente para mim.

Imediatamente, pensei: queres lá ver que saíste da casa de banho com a braguilha aberta?

Confesso que sou famoso por deixar o “passarinho à janela” quando saio da casa de banho, mas assim que me cheguei ao balcão pude pôr uma mão num bolso e notar, sem olhar para baixo, que hoje estava tudo em ordem.

Admirável, não é: conseguir perceber que a braguilha está fechada sem olhar para ela, só pelo tacto… Grande proeza que consegui desenvolver e aperfeiçoar ao longo dos anos…

De qualquer modo, hoje, esta técnica era desnecessária, pois as minhas calças não tinham fecho. Digamos que eram daquele tipo de calças que me fazem recordar experiências atemorizadoras da minha infância, em que eu ia de calças de fato de treino para a escola, e havia sempre um miúdo que mas puxava para baixo, deixando-me em cuecas em frente àquelas miúdas giras de 6 e 7 anos que estava a tentar impressionar.

Ah, se eu já soubesse a palavra “paneleiro” nessa altura…

E por falar em paneleiro, voltemos ao tipo.

É que eu me esqueci completamente do contexto em que estava inserido, ou seja, a faculdade de letras. Na FLUL, como eu costumo dizer, temos 90% de indivíduos do sexo feminino, e 95% a gostar de homens. E atenção que dos 5%, que gosta de mulheres, 4% são… mulheres também…

Nessa altura, a ideia atingiu-me na cabeça, mais ou menos no meio da testa, onde eu costumava levar “belinhas” dos meus colegas da primária: o tipo estava a tirar-me as medidas!!?!

Paguei ao senhor do café com um sorriso nos lábios, expressão de incredibilidade, e sentei-me numa mesa próxima a saborear o croissant que comprara.

Como diz o povo, “ele há coisas…”. “Ao que isto chegou”, pensava eu: “agora que já não atraio gajas à pala da minha barriguinha e da minha careca, começo a atrair gays?!”

Bom, estava absorto nestes pensamentos jocosos, ainda sorrindo com este acontecimento insólito, quando o tipo que me tinha olhado se levanta da mesa da esplanada, vai ao balcão, pede qualquer coisa, e depois se senta numa mesa mesmo à minha frente, assinalando a sua presença com um singelo e suspeito sorriso…

Bom, o meu sorriso acabou ali.

terça-feira, junho 13, 2006

O Homem Estupendo está de “molho”

Cá está, confirmando o subtítulo deste blogue, o Homem Estupendo não está nada estupendo. Aliás, até está bastante por baixo, nas lonas, e quase na merda, literalmente.

Não, ainda não me tornei canalizador – ainda que rejeitando ser professor, esta é uma profissão com futuro e demanda permanente, pois havemos sempre de viver em sociedade, de precisar de água e de defecar, pelo que haverá sempre canalizadores – mas o que se passa é que ontem comi qualquer coisa que me fez profundamente mal.

Pode ter sido do peixe em duvidoso estado de conservação, pode ter sido das batatas que o acompanhavam, que pareciam um tabuleiro de xadrez de tão negras que estavam, ou pode até ter sido do ligeiro arroz de choco que jantei, oportunamente aquecido no microondas, mas o que é certo é que houve qualquer coisa que me fez mal.

Claro que, para o vulgar ser humano, uma paragem de digestão, ou apenas uma alteração na sua flora intestinal, tem apenas um cenário possível: sensação de enfartamento acompanhada de sonoros e repentinos arrotos, massivas libertações anais de gás, pujantes jactos de diarreia, e, nos casos mais graves, uma recapitulação da refeição que nos fez mal, através de uma sempre simpática e aliviadora regurgitação involuntária, vulgo vómito, ou chamamento do Gregório.

No entanto, é aqui mesmo que eu divirjo de muitas pessoas. É que enquanto esta sucessão de acontecimentos é rápida para a maioria da populaça, e acaba sempre com uma poderosa e gratificante sensação de alívio, para mim nunca me acontece nem uma coisa, nem outra!

A minha namorada, por exemplo, consegue vomitar o jantar em segundos, sem que eu me aperceba disso, e apenas com 30 minutos de sintomas de paragem de digestão.

Por outro lado, dois amigos meus já me provaram, por mais do que uma vez – infelizmente – que conseguem estar numa noite de borga, beber demais, ficarem um bocado mal dispostos, e depois vomitam e voltam para a festa como se nada fosse. Aliás, aqui há uns tempos, estávamos na praia, no Algarve, numa grande maratona de álcool e afins, quando de repente, um amigo meu me disse: “Já não estou lá muito bem… Eu já volto, ok?” E nisto virou costas, deu três passos atrás, vomitou toda a aguardente e cerveja que havia depositado no estômago, e voltou para o grupo, limpando os cantos da boca e dizendo apenas: “Querem ir buscar mais uma cerveja?...”

Não é justo! Que inveja!

Hoje acordei já mal disposto e estranho, com a cabeça pesada, e com uma terrível urgência de ir até à casa de banho.

Depois vocês imaginam o que se passou, digamos apenas que estive bastante próximo do universo de trabalho dos canalizadores.

O resto do dia tem sido passado com dores por todo o corpo, uma pontada de febre, frio, e com um festival de música electrónica dentro da minha barriga…

Já tomei 3 antipiréticos e agora abri mais uma garrafa de água com gás, para ver se isto vai ao sítio. Pelas minhas contas, ainda faltam cerca de 3 horas para vomitar, pois normalmente eu demoro sempre 12 horas a vomitar o que me fez mal.

Ah, e já tenho a certeza absoluta de que amanhã o dia me vai correr muito mal.

Será um típico dia em que me vou sentir literalmente afogado na merd… Bom, no tal universo do canalizador, ou do técnico das estações de tratamento das águas residuais. Boas profissões, sem dúvida.

quinta-feira, junho 01, 2006

Bibliotecárias...

31 De Maio de 2006, Biblioteca da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa

- Pois, de modo que é assim… Eu fiquei logo em pânico! Já viste? Uma mulher com a minha idade, agora dizerem-lhe uma coisa destas assim, que era “hipercondríaca”, só porque tinha uma borbulha no nariz e decidi ir ao médico…
- Realmente…
- (…)
- É que aquilo nem era uma borbulha; era um inchaço… um hematoma… um abcesso, e enorme! E ainda por cima por dentro do nariz…
- Tcheia… Isso é que é pior…
- (…)
- Ah pois é… Mas também, o que é que se há de esperar de um médico espanhol?! Eles nem sequer falam a mesma língua de nós! Só estão cá a roubar o lugar aos portugueses!
- Boa tarde…
- Eu, se mandasse nisto, mandava-os todos para a terra deles!
- Essa é que era…
- Boa tarde, minhas senhoras…
- Boa tarde, diga…
- Olhe, eu queria consultar uns livros que estão no depósito…
- Ah, pois, mas se é no depósito vai ter de preencher aqui estas fichas, com as cotas das obras em questão, e depois volta aqui…
- Já fiz isso…
- Pois era! Eu, realmente, acho que eles deviam todos de voltar para a… Já fez?
- Sim, estou com eles aqui na minha mão…
- Ah, então deixe cá ver isso…
- Faça o favor!
- Pois, pois… Hum, hum… Pois é… Fez, mas não fez…
- Como?
- Pois, é que destas 4 cotas, há aqui duas que podem já seguir para o depósito, mas há outras duas que não.
- Então porquê?
- É que estas cotas não são nossas. Tem de as procurar ali em cima, na parte do Centro de Linguística.
- Já procurei.
- Pois, está a ver aquela lâmpada ali ao fundo? Desde essa estante que está ao pé da lâmpada até aqui são tudo obras do Centro.
- Sim, eu sei.
- Tem de procurar aí.
- Como lhe disse, já procurei.
- Ai já?... Ah…
- Sim, já lá andei, há uma semana e há quinze dias.
- Pois, mas então é procurar melhor… Olha e os enfermeiros? É que os enfermeiros também são todos espanhóis! No outro dia, tive de ir levar uma injecção, por causa do meu reumático…
(Quero aqui dizer ao meu leitor, que eu não saí da frente da mulher, ou seja, continuei exactamente ao balcão, como estava…)
- Olha, se faz favor…
- Tem de procurar, já lhe disse…
- Sim, eu ouvi. E também já lhe disse que já procurei. Aliás, já procurei várias vezes, isto porque as estantes tinham informação da cota, mas agora essa informação está riscada… Quer elucidar-me acerca do assunto?
- Quero o quê?!
- Explique-me porque é que as cotas estão riscadas…
- Então e eu é que sei?! Se estão riscadas é porque alguém riscou…
- Brilhante dedução, sem dúvida. Mas então diga-me lá, se fizer o favor, onde posso encontrar as obras que procuro.
- Mas eu já lhe disse! As cotas estão mal, pois são do Centro de Linguística! Não é nada connosco! Se quiser, dou-lhe o contacto da Dra. que está encarregue do centro…
- Pois então faça isso, já agora…
- Hum?! A sério que o quer?!
- Sim. Porquê?
- Mas sabe de quem estou a falar?
- Não, mas se me disser…
- Ah… Pois… Está bem… Bom, eu já lhe dou um cartão… Tome lá…
- Então ela não está cá agora, é?
- Pois, realmente não está…
- Bom, então de que é que me serve este cartão?
- A… Bom… Olhe, volte noutro dia, e de preferência de manhã, está bem?
- Pronto, está bem, voltarei um dia de manhã para falar com ela.
- Então, muito boa tarde. De modo que é assim, os enfermeiros também são todos espanhóis, o que é lamentável, tendo em conta que…
- Olhe…
- Ó SENHOR, EU JÁ LHE DISSE QUE NÃO LHE POSSO FAZER NADA! AS SUAS COTAS ESTÃO ERRADAS OU SÃO DO CENTRO, E NÓS NÃO TEMOS NADA A VER COM OS LIVROS DO CENTRO! VOLTE NOUTRO DIA!
- Olhe, em vez de me gritar na cara, veja se não se irrita muito, porque isso lhe faz mal à saúde e pode provocar outro encontro desagradável com médicos espanhóis que, admiravelmente, falem espanhol e não português, e tente fazer algum exercício enquanto me vai ao depósito buscar as duas obras cujas cotas estão certas e são desta biblioteca. Que tal? Pode ser?

terça-feira, maio 16, 2006

E ainda mais uma vez, na casa de banho…

Cada vez me convenço mais de que o que escrevo deve ser lido na casa de banho, uma vez que muitos dos meus textos retratam esse magnífico e muitas vezes mal-cheiroso universo.

Por isso, caro leitor, julgo que não o aconselharei mal se lhe dizer para fazer uma impressão de alguns textos deste miserável “blogue” e a levar consigo para o seu “momento All-Bran”. Verá que estes textos podem ter um efeito regulador do funcionamento do seu intestino, especialmente se forem lidos com um sentimento de profunda comiseração para com o seu autor, como quem diz: “irra, que este tipo só escreve merda”.

No entanto, não o aconselho a levar como companhia para a sanita nenhum dos meus comentários linguísticos, pois receio que estes tenham o efeito de um poderoso laxante, ou então possam provocar violentas cólicas gástricas, motivada por secreções literárias de bílis…

Seja como, o texto de hoje é só para apresentar algumas das melhores frases que li hoje na casa de banho. Ao invés de um folheto do Lidl, ou de uma crónica da Pública, hoje dei por mim a cagar na biblioteca da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Quer dizer, não foi bem cagar na biblioteca em si – embora isso até fosse bem visto, como medida de protesto ao mau atendimento que a generalidade dos seus funcionários presta. Na realidade, fui despejar o meu intestino na casa de banho da biblioteca. E em boa hora o fiz, pois li algumas reflexões fabulosas, as quais transcrevo, e deixo à vossa reflexão:

“Bosch é bom, mas Broche ainda é melhor.”

(Eu sou grande apreciador da marca alemã, mas não há dúvida de que a “outra marca” é bem melhor… Grande verdade! O autor é um visionário!)

“Qual é a melhor hora do dia?

- As cinco e um quarto…”

(Ah, muito subtil, sim senhor… O bom humor do freguês que está claramente a cagar, tem uma caneta na mão, não trouxe nada para ler, e aprecia uma boa piadola marota. Genial!

No entanto, porque não as seis e um quarto? Ou as sete ou as oito?... Enfim, julgo que numa atitude previdente o nosso amigo achou que cinco eram a sua conta.

Eu já me contento perfeitamente com “uma e um quarto”…)

“Há merda que se pegas às solas, mas a maior parte lecciona nas escolas”

(Cá está, evidentemente, este nosso amigo está revoltado com os professores que tem, e liberta este desabafo enquanto liberta também umas gramas de esterco.

Este tipo de alívio é bastante proveitoso, pois não manda ninguém à merda directamente, mas é quase tão gostoso com se o tivesse realmente feito.

Agora que penso melhor, julgo que terá sido um aluno de 6º ano, a estagiar, e a falar sobre os seus colegas de escola…)

“Quem escreve nas portas é um grande cabrão!

- Olha, já me ofendi…”

(Ah… Que bonito! O milagre do paradoxo, ou a verdade de La Palisse… E assim, este escriba meditou um pouco sobre teoria da literatura, o acto de escrever, e lógica cartesiana… Ou então, esteve só a cagar, como eu…)

PS – Se experimentarem levar estes textos para a casa de banho, depois digam-me como é que correu, ok?

segunda-feira, maio 08, 2006

O meu balde do lixo é genial!

Hoje, uma colega minha partilhou comigo o seu desagrado por ter amigos que presentemente, por estarem casados, ou apenas com companheiros/as, não se encontram com ela sozinhos. Se fosse só isto, a coisa ainda não era má de todo, mas o pior é que, para além da companhia que agora não dispensam, os temas de conversa tornaram-se pouco interessantes, ou pelo menos insípidos.

Dizia ela que tinha ido jantar com três amigos, daqueles com quem ela era unha com carne há uns anos atrás, e que afinal, em vez de ser uma mesa para 4, acabou por ser uma mesa para…7. Pois, é que todos eles combinaram o jantar na primeira pessoa, mas acabaram por levar uma segunda pessoa, as suas caras-metade.

E se adicionarmos a isto haver um pequenino bebé, o que temos? Bom, basicamente, o chamado “gato por lebre”: pensamos que vamos recordar velhos acontecimentos num jantar intimista com 3 amigos, e acabamos a ter de dispensar elogios a um recém-nascido e a falar sobre como ele passa as noites…

Foi isto que lhe aconteceu.

E é isto que me perturba, pois coisas semelhantes andam a passar-se comigo.

Primeiro, como namoro, quando os meus amigos me convidam para jantar, cada vez mais é para os dois, mesmo que a minha namorada só os tenha visto por uma vez, e nunca tenham sequer falado.

Segundo, o mesmo acontece para o outro lado, ou seja, por vezes acontecem tediosos jantares em que toda a gente se conhece, menos a mim, que sou o “namorado da Marta”, ou simplesmente “o coiso”…

Por outro lado, uma vez que quase todos os meus amigos estão juntos, casados, ou para lá caminham, surge aqui um outro problema: a unidade que era o meu amigo aparenta agora ser uma unidade dupla, passo o paradoxo. Assim sendo, o meu amigo ou amiga já não responde a uma só voz, e normalmente é incapaz de apreciar piadas mordazes ou picantes, como era antigamente.

Mais, os temas de conversa mudam radicalmente.

Vou reproduzir aqui alguns diálogos, uns verídicos, outros aproximados da verdade, em género de anúncio do Reduce Fat Fast, ou seja, antes e depois de vidinha de casal colado que nem dois testículos, até que a morte os… tente separar…

Antes:

-Olhó gajo…

-Então, grande gay…

- Como é que isso vai, “man”?

- Olha, cá vamos andando. E tu?

- Eu também. Olha lá, disseram-me que tu agora andas a ganhar bem…

- Eh pá, pois é, arranjei uma cena fixe, nuns escritórios em Lisboa… Olha, pagam bem, e não me chateiam muito, por isso “está-se bem”…

- Fixe, fixe…

- Mas olha lá, eu é que ouvi dizer que tu agora é que estás bem… Que tens uma colegas muito giras, todas boas, lá no centro onde trabalhas… Como é, confirmas?

- Eh pá, é verdade, mas sabes com é: colegas são colegas; não há cá misturas…

- Pois… Sei… Até que um dia…

- Não, a sério…

- Sim, sim, claro… Tu sempre foste um grande porco…

- Eu?! Porco?! Tu é que andas para aí interessado nesta e na outra, e agora eu é que sou o porco?!

- Olha, então e o Zé?

- ‘Tá porreiro. O tipo está a safar-se lá no estrangeiro.

- Fixe, fixe… O gajo era bom naquilo…

- Ya…

- Então e ainda jogas à bola?

- Eh pá, vai-se jogando…

- Olha, mas o Porto lá ganhou, hein? Cagões…

Cá está, a bela conversa da treta que tanto prazer dá! E isto sem contar com as gigantescas ondas nostálgicas sobre férias incríveis, ou aventuras que podiam ter dado para o torto, mas não deram…

Depois:

- Olhó gajo…

- Então, grande gay…

- Gay, não… Tem respeito que está aqui a minha mulher…

- Eh pá, era a brincar, não achas?

- Olha, esta é a Manuela.

- Olá.

- Olá Manuela, prazer em conhecer-te…

- Igualmente, e olha, este é o nosso filho, o Frederico…

- Ah… este é que é o famoso “pestinha”, o tipo que agora não te deixa dormir e te faz ter saudades das grandes bebedeiras em que nem um rádio no máximo colado às tuas orelhas te acordava, não é?

- “Pestinha”?! Ele é lindo, é mesmo um amor, não és filhote?

- …

- E de que bebedeiras é que o João está a falar, querido?

- Nada, querida… Ele está a brincar…

- A brincar?!?! Então, “man”, não me digas que já não te lembras daquela noite em Santos… PORRA, para que é que me deste essa canelada debaixo da mesa?!

- Mas tu bebes, amor?

- Este gajo?! Bem, este tipo mandava uma garrafa abaixo por hora…

- Já te calavas, ó João…

- (silêncio)

- É bonito, é o puto…

- É uma menina…

- (silêncio)

- Então, o que é que tens feito?

- Olha, estamos agora a chegar do Ikea. Fomos comprar um caixote do lixo genial, com três divisórias bem grandes para facilitar a separação dos lixos. Aquilo é mesmo bom, parece ser bem sólido, e só custou 19,90€…

- Caixote do lixo genial…

- Sim, tem três áreas perfeitamente independentes, um pedal para não teres de levantar a tampa com as mãos, e…

- Caixote do lixo genial? Nunca pensei que o adjectivo genial pudesse predicar na mesma frase um objecto como um caixote do lixo…

- Não, mas no Ikea compram-se umas coisas porreiras… E baratas. Se bem que no Conforama também. Olha, por exemplo, os nossos suportes para panos de cozinha são de lá, e foram uma pechincha, mas também são muito bons, muito bons mesmo…

- Suportes para panos de cozinha… Como é que sabes que são muito bons? O que é que faria com que eles pudessem ser menos bons? Ou mesmo maus?

(Silêncio)

- Lá estás tu com essas merdas… Olha, quando é que tu te casa? Já estás em idade disso…

- Ora bem, não sei bem se estou a pensar…

- E um filhote, quando é que és pai, pá?

- Han?!

- Sim, já imaginaste: os nossos filhos a jogar à bola enquanto nós assamos umas febras no churrasco e as nossas esposas fazem uma saladinha e trazem umas cervejas para a malta… Só faltas tu, pá!

- Pois era, amor… Era lindo… Especialmente com aquele churrasco que comprámos no Aki, que é grande e foi barato…

Chiça!

terça-feira, abril 25, 2006

De novo na casa de banho…

Um dos primeiros textos que escrevi neste blogue relatava uma espantosa descoberta que fizera numa casa de banho feminina, num restaurante chinês de Lisboa.

Não, não descobri nenhum pastor alemão congelado, nem estava a satisfazer necessidades de voyeurista, espreitando meninas a fazer chichi. Vão lá e vejam sobre o que é, se quiserem.

De qualquer modo, considero-o o texto fundador deste blogue – um texto que tem por base experiências numa casa de banho, para um blogue que só deve mesmo ser lido na casa de banho, quando um tipo se esqueceu de levar o folheto do Lidl para ler enquanto “obra”.

Seja como for, este textozinho relata mais uma aventura numa casa de banho.

No dia 25 de Abril decidi celebrar a revolução indo ao cinema.

Ok, talvez não tenha sido para celebrar nada; foi só mesmo para aproveitar o feriado. Seja como for, fui ao cinema e empanturrei-me em pipocas e Ice-Tea, pelo que, assim que saí, tive de ir à casa de banho “mudar a águas às azeitonas”, e foi aqui que tudo se deu.

Imediatamente depois de eu entrar, entraram 3 ou 4 tipos – sim, porque desta vez eu acertei na casa de banho, e não fui à das mulheres. Eu dirigi-me para um dos cubículos com a retrete, e dos outros tipos, apenas um se dirigiu aos urinóis – os outros imitaram-me.

Ora, quando se ouvia poderosos esguichos a baterem nas beatas que estavam na água suja da sanita, o tipo que estava nos urinóis saiu-se com esta: “Ouçam lá, se vocês não vão cagar, porque é que mijam sempre aí, e não aqui? Estão com medo de alguma coisa?”

Bem, eu puxei o autoclismo e saí, e os outros tipos fizeram o mesmo. Claro está que nos encontrámos nos lavatórios, e aqui está o intrigante: o silêncio era ensurdecedor. O inquiridor claramente esperava uma resposta, mas os outros tipos estavam com os olhos pregados nas mãos, sem dizer nada.

Eu saí do WC e fiquei a pensar um pouco no assunto.

A verdade é que eu vou sempre à retrete e não ao urinol, mesmo que seja só para mictar. Porquê?

Ora bem, efectivamente, se todos os urinóis de uma casa de banho estiverem ocupados por moçambicanos, é óbvio que não me apetece ir ao único urinol livre. Sim, neste caso estaria com medo de algumas coisas: se fosse um racista generalista, estaria com medo de ser assaltado; sendo apenas um tipo observador, bom, digamos que recearia ver o meu índice de virilidade diminuído…

Por outro lado, se em vez de moçambicanos estivessem chineses, bem, aí iria airosamente até o urinol livre… Ou então não…

Acho que procuraria sempre a retrete.

Não é tanto um problema de comparação; é mais o facto da retrete nos dar uma certa intimidade que nos alivia e ampara. Por exemplo, quando um tipo liberta um gás, se estiver no cubículo, ninguém sabe quem é, e todos se riem. Se estiver no urinol, ouvem-se logo bocas: “Ganda porco… Fecha a boca!”, “Cala-te, ó javardolas!”

Por outro lado, enquanto se mija, se estivermos no cubículo podemos pensar na vida – sim, é uma momentânea reflexão, mas normalmente é sempre muito proveitosa, pois é acompanhada de uma sensação de alívio inigualável.

Se estivermos no urinol, isso não é possível, pois temos de nos preocupar com a nossa carteira, que está no bolso de trás das calças.

Para já não falar no muito pouco higiénico problema das gotas, e penso que este é que é o cerne da questão: os homens são famosos por sujarem as sanitas, por não conseguirem urinar sem fazer um bonito e pérfido charco. Ora se a mijinha for feita num urinol, é óbvio que o repuxo é vai atingir os colegas do lado, especialmente se nós fizermos o que fazemos sempre que temos de ir a um urinol: tentar acertar nas bolinhas de naftalina até elas se dividirem.

E depois de mijar, o que se faz? Exacto, sacode-se a gaita, não olhando para onde voam os salpicos.

Com é óbvio, isto é muito pouco higiénico, e pode dar origem a sérios problemas com os vizinhos.

Deve ser por isso que os homens – todos sem excepção – preferem ir mijar ao apertado cubículo com a retrete, em vez de se aliviarem no urinol, para já não falar no estímulo intelectual que é a chamada literatura de porta da casa de banho – verdadeiras pérolas, que às vezes até rimam!

Claro que, quando um tipo faz 300 km numa auto-estrada à rasca para mijar e finalmente pára numa área de serviço, é óbvio que aí o urinol é o nosso mais precioso e desejado amigo, caso as retretes estejam cheias.

Mas, se estivermos mesmo à rasca, não há tempo para reflexões, nem para apreciar os escritos nas portas, e estamos completamente a borrifar-nos se apanhamos ou não com um pinguinho de urina de um vizinho.

E pronto, chega de javardice inconsequente.

domingo, abril 23, 2006

Mais um e-mail...

Noutro dos mails que recebi neste fim-de-semana, lia-se o seguinte:


"Na
quarta feira, 4 MAIO 2006, 2 minutos e 3 segundos depois da 1:00 da manhã, as horas e o dia serão assim:

01:02:03 04/05/06

Isto nunca mais vai acontecer na tua vida."

Isto é a prova de que há por aí muita gente sem nada para fazer.
Para além de tipos que falam de "Cidra" e de "Sidra", ou ainda de outro assuntos mais desinteressantes, há gente que se ocupa a pensar em coisas ainda mais imbecis e perfeitamente inúteis.

Pois aqui vai uma importante relexão para toda esse gente doente:
Daqui a um ano, no dia cinco de Junho, quando passarem três segundos das duas da manhã, ler-se-á o seguinte
02:03:04 05/06/07

Fascinante, não é?

Ah, e isto só acontecerá uma única vez na tua vida: ou seja, será um acontecimento único, uno: logo, 1 - 02:03:04 05/06/07

E esta, hein?

PS - Um grande bem haja para o Fernando Pessa, esteja ele onde estiver.


Grandes Verdades

Amigos recebi este e-mail que considero brilhante, por dizer grandes verdades.
Aqui está ele, na íntegra.

Ser Homem é ...
- Sentir a dor física de uma bolada nos tomates;
- A tortura de ter de usar fato e gravata no Verão;
- O suplício de fazer a barba todos os dias;
- O desespero das cuecas apertadas;
- A loucura que é fingir indiferença diante de uma mulher sem soutien;
- A loucura de resistir olhar para umas pernas com uma mini-saia;
- Ir à praia e resistir olhar para aquele mulherão que está deitada ao lado;
- Viver sob o permanente risco de ter de andar à porrada;
- Vigiar o grelhador no churrasco ao fim de semana, enquanto todos se divertem;
- Ter sempre de resolver os problemas do carro;
- Ter de reparar na roupa nova dela;
- Ter de reparar que ela mudou de perfume;
- Ter de reparar que ela mudou a tinta do cabelo de Imedia 713 para 731 loiro/bege;
- Ter de reparar que ela cortou o cabelo, mesmo que seja só 1cm;
- Ter de jamais reparar que ela está com um pouco de celulite;
- Ter de jamais dizer que ela engordou, mesmo que seja a pura verdade;
- Desviar os olhos do decote da secretária, que se faz distraída e deixa a blusa desabotoada até ao umbigo;
- Ter a obrigação de ser um atleta sexual;
- Ter a suspeita de que ela, com todos aqueles suspiros e gemidos, só está a tentar incentivar-nos;
- Ouvir um NÃO, virar para o lado conformado e dormir, apesar da vontade de partir o quarto todo e fazer um escândalo;
- Ter de ouvi-la dizer que está sem roupa, quando o problema é onde colocar novos armários para guardar mais roupa;
- Ter de almoçar aos domingos na casa dos sogros, discutir política com aquele velho reaça, tratar bem os sobrinhos, controlar-se para não olhar para o decote da irmã dela e não arrear um arraial de porrada ao irmão dela, sacana do caraças que vem sempre pedir dinheiro emprestado.

Depois elas ainda acham que é fácil, só porque NÃO TEMOS O
PERÍODO!!!....

terça-feira, março 21, 2006

"Decider, fique ciderado"

Há por aí uma bebida nova cuja campanha publicitária está dar-me cabo do canastro.
Vamos lá a ver se a gente se entende.

Primeiro, o nome da nova bebida é em inglês, certo? O nome “Decider” é pronunciado como [dissáidâr], por isso só pode mesmo ser em inglês.

Ora “Decider” é uma palavra inglesa, sim senhor, que quer dizer, traduzindo bárbara mas literalmente, “decisor”.
Segundo o Dicionário Houaiss (2005), “decisor” é um “adjetivo e substantivo masculino” que significa “que ou aquele que decide”. Ora que é que “decisor” tem a ver com o sumo de maçã fermentado, com ou sem álcool, ou seja, o produto anunciado?
Pois, não sei…

Porém, admitamos que, como o tal sumo, em inglês, se escreve “cider”, o título até não é pura estupidez, ou fruto de criativos ignorantes, ou de empresas de publicidade que não se apercebem da absoluta necessidade de haver revisores ou consultores linguísticos nos seus quadros, mas admitamos – dizia – que é um trocadilho interessante a partir da palavra “cider”.

Ah, assim já faria mais sentido, ou melhor, seria menos ignóbil!

No entanto, a palavra inglesa “decider” já existe, está dicionarizada, e – como se adivinha – nada tem a ver com sumo de maçã. “Decider” remete para o verbo “to decide”, e significa, citando o Oxford Advanced Learner’s (1991), “Game, race, etc. to settle a contest between competitors who have previously finished equal”.

“Ora bolas” – estará a pensar o criativo que assina o anúncio e escolheu o belo título para o produto.

Mas isto piora…

Saltemos para o português, ou para o castelhano, de onde vem a bebida, tradicionalmente.

Ora em castelhano, o nome atribuído ao sumo obtido pela fermentação da maçã, com ou sem álcool à mistura, é “sidra”. Sidra vem, por sua vez, do vocábulo latino “sicèra”, que era um sumo alcoólico obtido a partir de tâmaras. Bebida para ser um pitéu, digo eu...

O nome deu voltas e mais voltas e, actualmente, na Cantábria e talvez por toda a Espanha, bebe-se “Cidra”, tendo havido uma evolução do "C" inicial para o "S", por via de proximidade sonora.

Porém, em Português, talvez por ser uma bebida menos frequente, a etimologia original manteve-se, pelo que em Portugal se deve escrever Sidra. Aliás, o iluminado publicitário até fez um outro anúncio em que um infeliz actor pergunta a transeuntes se sidra se escreve com "C" ou com "S". Malandrão! O maroto tem jeito para gozar com o popular, com o Zé-povinho, comigo, contigo, connosco!

Ora, neste momento, talvez valha a pena fazer o ponto da situação:

Temos um produto, Decider, cuja assinatura é “fique ciderado”;

O produto é sidra;

Na campanha, goza-se com a ignorância de muitos de nós, acerca da ortografia correcta da palavra “sidra”, essa palavra tão comum no nosso português, que todos os dias escrevemos e dizemos…

E o que mais me preocupa é a assinatura – “Fique ciderado”

Senhor publicitário – ou outra qualquer mente iluminada – responda-me, se faz favor: o que é “ciderado”?

É que o Word não reconhece esta palavra;

Duvido que tenha alguma coisa a ver com a palavra “Sidra”, caso contrário seria “sidrado”;

Igualmente duvido que tenha alguma coisa a ver com a palavra “Cidra” – sim, esta palavra também existe e designa o fruto da cidreira, a que vulgarmente chamamos de laranja-toranja –, até porque se viesse deste vocábulo seria “Cidrado”.

Confesso que estou perfeitamente SIDERADO, tomado de espanto, de admiração, perplexo, atordoado, atónito, por não saber o que quer dizer “ciderado”?

Será inglês?

quinta-feira, março 16, 2006

Prendas de aniversário

Ora, como se vê pelo último post, este Homem que é tudo menos estupendo e está cada vez mais nas “lonas” – aliás, estou com uma bela constipação – fez anos. Neste ano, optei por fazer um jantarinho, coisa íntima, só para amigos – embora muitos dos convidados não tenham aparecido, o que, a meu ver, é bem sintomático: provavelmente, há muito cinismo no ar, e nem todos os que eu considero amigos o são realmente, e talvez apenas exclamem, da cada vez que estou com eles: “lá vem este chato, irra!”

Especulações à parte, hoje quero falar-vos sobre as prendas que recebi. É que, em condições normais, há sempre um CD, um DVD, um livro, e um par de peúgas; mas desta vez houve uma concentração temática que me tem posto a pensar toda a semana.

Recebi 6 livros e 4 peças de roupa – e nada de peúgas, o que, de algum modo, quebrou a magia da tradição. Porém, sinto que no Natal vou receber peúgas e cuecas com fartura.

Ora, o que me diz o facto de ter recebido 3 t-shirts e um casaco?

Bom, seguramente diz-me que o meu gosto para a moda é tão nulo, que as pessoas o notam, enchem-se de comiseração e, numa atitude e piedade, acabam por me oferecer uma pecinha de roupa, só para ver se eu me visto melhor, ou seja, se deixo de ouvir miúdos de três aninhos que, quando esbarram comigo no hipermercado, me dizem “Olhó palhaço!...”, enquanto me dirigem o indicador de modo muito ameaçador.

Quanto aos seis livros, aqui, numa primeira instância, poderia pensar uma de duas coisas: Ou os meus amigos me consideram um tipo culto e evoluído e por isso acham que eu devoro livros; ou então ninguém me conhece verdadeiramente, e por isso dão-me aquele que é sempre a prenda de recurso, quando não se conhece bem o presenteado.

Porém, os livros que me ofereceram e a expressão que quase sempre me disseram enquanto eu abria os presentes levam-me a ficar preocupado. À excepção de um livro, que me disseram logo que era para eu fazer correcções, pois o Lobo Antunes não faz bem a pontuação – não será bem assim, mas enfim… –, os restantes têm títulos ou temáticas bem específicas, que não combinam – acho eu – com a expressão “Este livro é mesmo a tua cara!”, a qual foi proferida de todas as vezes que abria os embrulhos.

“A year in the Merde” – “Eh pá, este livro é mesmo a tua cara…”

Então? Eu tenho cara de cu, é? Caramba, há maneiras mais subtis de ofender um homem…

“Intimidades – Dez contos eróticos de escritoras portuguesas e brasileiras” – “Escolhemos esse porque tem a tua cara…”

Será um elogio, considerando-me um indivíduo erótico – se é que isso pode ser um elogio –, ou será uma subtil forma de me chamarem “perverso infatigável”?

“O dia em que o Pato Donald comeu pela primeira vez a Margarida” – “Olha, vi esse livro na livraria e achei que tinha tudo a ver contigo, era a tua cara…”

Nunca li um almanaque da Disney, pelo que não me consigo identificar com o tal pato, embora aquele chapelinho azul e o facto de andar sem calças me indicie que o tipo é rabeta. Mas pronto, se calhar lá comeu a Margarida.

Agora, eu não os conheço, por isso como é que este livro pode ser a minha cara?

E também nunca papei nenhuma Margarida…

“Como ficar estupidamente culto em apenas 10 minutos” – “Este livro é muito útil, é indicado para ti, é a tua cara…”

Portanto, se é a minha cara, eu tenho cara de ser inteligentemente ignorante, e estou visivelmente carenciado de cultura geral, mesmo que seja só no instante de se ir à casa de banho fazer qualquer coisa mais demorada.

“Há vida em Markl” – “Olha, espero que ainda não tenhas, mas acho que este livro tem tudo a ver contigo – é a tua cara…”

Vejamos, o livro é uma colectânea de piadolas e de cartoons. Ora as piadas que o tipo escreve, ao contrário das muitas baboseiras que já escrevi, têm piada, por isso não pode ser este o ponto de contacto; Cartoons: a minha falta de jeito para desenhar ficou evidenciada quando, numa prova desumana, me pediram para desenhar um tijolo em perspectiva, tendo eu demorado cerca de quatro horas, e pedido um esquadro e uma régua.

Então, porque é que o livro é a minha cara?

Só se for por o tipo usar óculos, ser feio todos os dias e apresentar a bela barriguinha dos trintões…

Ok, identifico-me…

sábado, março 11, 2006

Aniversário

9:20
- Olá colega!
- Hum...
- Então? Ouvi dizer que fazes anos...
- Hum, hum...
- Quantos fazes?
- Hum, faço...
- Trinta, não?
- (...)
- Mais?
- (!"#$%&)
- Não te dou muito mais...
- Faço vinte e oito...
- Oh, dava-te pelo menos trinta...
- Hum...
- Deve ser da barba... Faz-te mais velho...
13:40
- Então quantos fazes?
- 28...
- Só?!?! Dava-te mais...
- ok...
- Deve ser da barba...
16:15
- Fazes anos?!
- Pois... Parece que sim...
- E quantos fazes?
- 28...
- A sério?! Olha, pensava que eras mais velho...
- Hum...
- Que giro... Dava-te mais uns aninhos...
- (!"#$#%&)
- Acho que é essa barba, ela dá-te um ar "carregado"...
18:00
- Olá bebé! Muito parabéns!
- Olá pequenita! Muitos parabéns para ti também...
- Então? Ainda não fizeste a barba?!...
(!"#$%&*`^ª^_:;>;:_ª^*`»?=) !
Amanhã vou fazer a barba.
Talvez volte a ser um teenager inconCiente, se o fizer...

Counter Stats
magazines
magazines Counter