Blog do Homem Estupendo

O "blog" de um homem que é tudo menos estupendo...

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segunda-feira, maio 23, 2005

Viva o Calor!

Meu caros amigos, chegou o Verão!

Bem, tecnicamente ainda não, mas o que interessa é que já se sente um certo calor e já temos várias horas de sol por dia.

Ora quem me conhece sabe que não morro de amores pelo calor, e que embora goste muito de dias longos, tal não é facto essencial para a minha felicidade.

Então, qual a razão da minha alegria, do meu júbilo?

Simples, meus caros: com o calor vêm os decotes, as saias, as blusas transparentes, os cabelos apanhados e os pescocinhos à mostra a pedirem beijinhos… Em suma, as carnes (re)começam a surgir destapadas, as golas altas e castradoras começam a ser substituídas por interessantes e apetitosas visões de vales encantados, inicia-se o processo de descoberta das pernocas virginalmente albas que apelam pela praia para ganharem uma corzinha – assim como um pimento verde que é bem mais apetitoso depois de passar pelo braseiro para ganhar uma corzinha…

Porém, e porque estamos na ressaca de seis meses de descuidos dietéticos e estéticos, tais como abusos dos doces no Natal e no Réveillon, ou esquecimentos de depilação de pernas ou sovacos, pois tudo estava tapadinho, abafado, é claro que anda por aí muita mulherada com peso a mais, com estria à mostra, com pneu tristemente visível, com uma brancura pobremente lixívica, e até uma ou outra apanhada com uma descuidada t-shirt de alças que, de indiscreta maldade, deixa ver, a espaços, um tufo sovacal escuro e encharcado em mal-cheiroso suor…

Mas mesmo com estes perigos que por aí circulam, o facto é que o calor chegou com o que tem de melhor, ou seja, a sua incrivelmente potente capacidade de descascar a gaijada.

E o calor, para fazer isto, nem sequer recorre àqueles truques pueris como uns beijos marotos entre pescoço e aurículas, ou frases falsas mas provocadoras de utópicas alegrias às meninas, como por exemplo: “amo-te muito”…

Por tudo isto, e exprimindo o meu até agora desconhecido panteísmo, prostro-me aos pés do calor e agradeço a sua chegada.

Viva o Calor!

quinta-feira, maio 19, 2005

Diálogos BES

Diz um benfiquista a um sportinguista:
- Eh pá, precisamos de ganhar por um golo e não sofrer nenhum
- Já falaste com o teu guarda-redes?
- Não, falei com o teu.

Consta que recentemente também houve um diálogo semelhante entre um russo e um lagarto...

quarta-feira, maio 04, 2005

Encontros numa casa de banho

Uma das coisas boas de continuarmos a estudar na mesma faculdade, depois de já termos feito a licenciatura, é o convívio que isso permite com dois tipos de pessoas: um são os caloiros e os demais estudantes que nos provocam agradáveis sensações nostálgicas; outro são os nossos ex-professores, o que permite encontros que espoletam várias e, por vezes antagónicas, reacções.

Esta quarta-feira fui à faculdade para uma reunião com as minhas orientadoras de mestrado. Porém, como consegui chegar antes da hora marcada – eu tinha que falar disto, pois em mim este facto é de assinalável invulgaridade... – tive tempo para ir à casa de banho dar uma mijinha, mudar a água às azeitonas, dar de beber ao urinol, etc., etc., etc.

Quando já estava na parte de abanar a piroca, eis que entra alguém que decide deixar um urinol de espaço entre nós os dois e inicia actividade fisiológica semelhante à que eu estava a terminar.

Acontece que, indubitavelmente, o indivíduo estava muito menos necessitado de urinar do que eu, e sucedeu que acabámos de fazer o que estávamos a fazer praticamente ao mesmo tempo. Diria até que as últimas gotinhas terão caído em uníssono – essa palavra tão bela e que qualquer pessoa da minha idade associa imediatamente aos livros da colecção Uma Aventura, uma vez que as autoras punham sempre as personagens e “exclamar em uníssono”, nunca simplesmente a exclamar...

Gotinhas inocentemente projectadas contra as sórdidas paredes do urinol, mangueira recolhida, fecho a ser apertado e, claro, o inevitável olhar para o lado. E quem é que eu encontro?! O antigo professor meu, claro está, o qual, ainda por cima, me reconhece de imediato, lembrando-se inclusive do meu nome.

Claro que nos falámos, mas aqui surgiu claramente o problema dos encontros entre homens na casa de banho – e estou a falar dos encontros em geral, nem sequer me vou referir aos perigos específicos dos encontros entre gajos nas casas de banho da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa...

O problema de que vos falo surge cirurgicamente quando encontramos alguém na casa de banho no exacto momento do “depois-da-mija-mas-antes-de-lavar-as-mãos”. E se juntarmos a isto o facto de ainda estarmos ambos a puxar o fecho da braguilha para cima, então surge, sem dúvida, uma situação peculiar, para dizer o mínimo...

- “Olá João, como está...”
- “Ora viva, professor...Cá estamos... Então e o professor?...”
E a braguilha ainda a ser puxada...
- “Pois, olhe, vamos andando... Então e o seu mestrado?...

Nesta altura, já com as braguilhas fechadas, havia algum desconforto ainda, pois colocava-se uma questão óbvia na minha cabeça, eventualmente partilhada pelo meu ex-professor: vou apertar a mão a este tipo que ainda agora estava com a mão na gaita a mijar ao meu lado?...

Depois de ambos esboçarmos um leve esticar de braços, dirigimo-nos para os lavatórios.
- “Olhe, é por isso mesmo que cá estou: vim falar com as minhas orientadoras, pois devo entregar a tese até Fevereiro de 2006...”
- “Certo, certo... Olhe, tem graça, eu também apresentarei a minha tese de doutoramento nessa altura...”
- “Ai sim?! E é sobre o quê?”

Enquanto a água corria, o homem lá me explicou que irá comparar a pintura de Rubens à imagética de Os Lusíadas e, de repente, conversa acabada, surge mais um belo momento: de mãos molhadas e sem ter onde as enxaguar, despedimo-nos, e novamente olhámos para as mãos um do outro, esboçámos um leve movimento como quem vai dar um passou-bem, mas devemos ter pensado na mesma coisa: há um minuto atrás a mão deste fulano estava na gaita dele – será que eu tenho mesmo que lhe apertar a mão?

Não apertámos.

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