Blog do Homem Estupendo

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segunda-feira, agosto 21, 2006

País do Jeitosos - porque é que ando zangado...

As pessoas que me são mais chegadas sabem que, ultimamente, tenho andado um bocado chateado com a vida, ou seja, ainda tenho estado mais mal-humorado e antipático do que já é habitual.

Entre os vários factores que contribuem para esse sentimento, conta-se um social, ou melhor, nacional. Passo a explicar: chateia-me, cada vez mais, a política do tugazinho, a maneira de pensar mesquinha e sem objectivos dignos do nosso povo, a nossa infeliz e queixosa portugalidade.

Talvez isto não seja muito claro para muita gente, ou os termos que utilizei não tenham sido elucidativos. Porém, acontece que ando a ler, presentemente, um livro do José Pedro Gomes, o Mike do Melga, o Cachucho do Casino Royal, e o tipo escreve algo que me ajudará a pintar melhor estas palavras, ou seja, os meus motivos para desagrado e agasto.

Isto agora pode soar a Prof. Marcelo a aconselhar livros, no seu opinário semanal, ou roçar a erudição literária de um qualquer programa do Francisco José Viegas que ninguém vê. Porém, não resisto a transcrever uma parte do texto do tal livro (País dos Jeitosos, Ulisseia, 2006), pois essa parte serve para caracterizar exactamente aquilo que me agasta sobejamente no nosso país. É que, como já disse noutros “posts”, Portugal é um país magnífico; o problema são os seus habitantes…

“Cá para mim, e sendo um bocadinho brutal mas verdadeiro, o portuga há uns 70 anos que tem tudo dado. Aquilo que fomos aprendendo e passando de pais para filhos não foi uma cultura de “esforça-te e consegues”! Não. Foi mais uma cultura de “aguenta os cavais que há-de escorrer qualquer coisa…” Ou: “Tu não te mexas, que arranjas sarilho. Alguém há-de fazer alguma coisa, que isto não se aguenta!”
À sombra da bananeira, o portuga mamou 50 anos de ditadura – “também não se estava assim tão mal…” -, 12 ou 13 de guerra – “Atão, aquilo era o ultramar…” -, e, não fossem uns capitães, ainda estávamos todos a chafurdar nisso.
A liberdade foi-nos dada. (…) O nível de vida que temos neste momento foi-nos dado pela CEE.
Batalhámos muito pouco pelo que temos.
É por isso que, para a maioria dos portugas, uma pessoas que aponte coisas que estão mal, ou tem mau feitio, ou está à procura de chatices…”
[pág. 75]

“O mirone é primo do burgesso que tem um carro prateado de 10 mil contos mas não tem kit mãos livres para o telemóvel porque é caro, é sobrinho da senhora do jipe que vai na faixa da esquerda a 60 km/h a chatear toda a gente, é genro do fulano de bigode da carrinha que não pára nas passadeiras de peões, é neto do senhor do boné que não tem um farol e o outro está a apontar para os nossos olhos, é compadre do barrigudo que invade propriedades dos outros aos tiros a tudo o que mexe, e do autarca que tem um tacho na Câmara há 20 anos e já lá enfiou toda a família. É cunhado dos polícias que passeiam de carro, sempre em grupos de 3, e nunca param onde é preciso, e é igualzinho ao irmão, que fala muito mas não faz nada. E foi o mirone que ficou muito contente ao inventar aquela frase: “Em terra de cegos, quem tem um olho é rei”… Que país!”
[pág. 41]

À falta de originalidade: Que país!...

6 Comments:

Blogger Calíope said...

Eu emigrei... e você?

4:23 da tarde  
Blogger anadulce said...

Sim, vou parecer a tugazinha... Mas apesar de todas as coisas más que aqui existem gosto muito deste país... e se bastasse apenas uma única razão seria com certeza o facto de VOCÊS, de quem gosto mesmo muito (vá lá saber-se o porquê...) são lindos portuguesinhos e não vos trocava por nenhum inglês que conhecesse no comboio...;) Beijos

7:59 da tarde  
Blogger Homem Estupendo said...

Respostas múltlipas:

O "você" também se sente muito tentado a emigrar, também gosta muito dos seus amigos, e está sempre disponível para um cafezinho à noite, ou mesmo uma jantarada regada com sangria e conversa...

5:50 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

nunca se esqueça que aqueles que se mostram mais críticos em relação aos outros e à vida em geral não são mais do que pobres almas desorientadas e frustradas com o seu "eu" interior. A sua carta do tarot desta semana é o VENTO, sim o vento leu bem!!! e o que é que isso quer dizer?!!!! nada, na realidade é só uma carta :) mas para quem acredita pode significar a mudança, a fortuna, a bem-aventurada esperança que o vento da vida mude de direcção e nos leve para caminhos mais significantes e relevantes para o nosso "eu interior" e por conseguinte para uma paz de espirito critico e autocritico que nos leve a sentir bem com nós próprios sem nunca termos saido do lugar ;) fascinante, nao?

4:01 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

se isso não funcionar emborracha-te nuns copitos de "pomada"! da booooa claro, que faz beiim ao coração pois então!

4:02 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

óooo filho tu não me emigres senão passas a vida a lavar casas de banho de um motel rasco nos arredores de paris como eue!!! e a ouvir o cd do Nel Monteiro em Agosto cum um calor do carago na estrada que te leva ao teu país para visitar os teus paisinhos!!! e depois chegas cá e passas quinze dias na praia da fonte da telha no parque de campismo a cagar para fora nas casas de banho do parque como forma de te vingares da sorte madrasta que abocanhoue a tua vidinha!!! tu bê lá!!! foi axim que eu comeceie!!

4:11 da manhã  

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