Há bocado tive uma revelação perturbadora: devido a um encontro imediato entre o meu cão e o gato do meu vizinho, tive de andar a bater com os calcanhares no rabo à volta do meu quintal, pois o meu canino – que não o dente – conseguiu rebentar com a trela.
Depois de guardar a “bicheza” em casa, naquilo que deve ter sido encarado pelo animal como “o regresso a casa depois de mais uma caçada felina frustrada pelo tipo que me dá comida”, desloquei-me ao Feira Nova, a superfície comercial mais perto da minha casa.
E foi aqui, neste sítio insuspeito e mercantilista que dei de caras com uma perigosa “ponta de um novelo” que pode ser realmente perturbador: já repararam nos cartazes de cartolina que estão espalhados pelos super-mercados? Sim? E não encontraram nada de comum a todos eles?
Exactamente! A cor das cartolinas muda, mas o marcador é sempre preto e o tipo de letra – feito à mão – é sempre igual!
Este fim-de-semana tinha ido ao Continente a Cascais e as cartolinas que por lá vi só podem ter sido escritas pelo mesmo bacano que escreveu as do Feira Nova de Mem-Martins.
Mas, desengane-se, caro leitor. Isto não é obra de um qualquer desgraçado que ganha a vida, entre Mem-Martins e Alcabideche, escrevendo cartazes pirosos com um “lettering” duvidoso. Lembro-me perfeitamente de cartazes que vi no Campera, ou mesmo no inocente Alisuper da Manta Rota e, pasmem: os cartazes são idênticos!
Das duas, uma: ou há por aí um publicitário frustrado, o qual nunca conseguiu ir além de fazer recortes e colagens com papel de lustro, e que agora está a ser violentamente explorado por algum ucraniano mafioso que o obriga a escrever as tais mensagens promocionais e que o transporta todo o dia na traseira de uma sórdida Renault Traffic, a mando da Sonae, Grão Pará e dos outros grupos possuidores de cadeias de supermercados, ou então esses mesmo tipos descobriram que com cartolinas coloridas e com um determinado tipo de letra conseguem fazer-nos consumir mais, assim como o cão do Pavlov se babava de cada vez que o perverso investigador búlgaro fazia tocar uma certa campainha.
Até aposto que o nome do tipo é Vasco. É que só assim se explicam os anúncios que para aí se vêem em que anda um tipo a fugir de uma cambada de mulheres perfeitamente desejosas de o agarrar…
