Blog do Homem Estupendo

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terça-feira, agosto 10, 2004

Fahrenheit 9/11

Michael Moore fez mais um documentário polémico. De novo, o conhecido realizador tomou um assunto bem delicado e fez um estudo mais ou menos isento sobre o assunto.
A estranha eleição de Bush e a guerra do Iraque estão em destaque, mas há mais.
Porém, no melhor pano cai a nódoa.
Sinceramente, para quem viu o magnífico Bowling for Columbine, este último filme de Moore deixa muito a desejar.
Considero que os prémios que este filme recebeu são apenas o refelxo da vontade que as instituições que os atribuíram demonstraram em tomar uma posição de apoio perante o que é opinado ao longo do documentário. Assim, mais não são do que prémios politicamente correctos, ainda que politicamente audazes, e não se devem tanto às propriedades inerentes do filme, mas antes à verbalização de posições e de críticas.
De facto, Bush é brutalmente atacado, e quase sempre com razão, seja dito, mas muito mais fica por dizer, especialmente no que diz respeito à atitude americana e do povo americano em geral para com a guerra. É excelente o modo como Moore demonstra que os americanos, actualmente, não querem a guerra. No entanto, é um rotundo falhanço a crítica (que nem existe!) ao facto de a larga maioria dos americanos, imediatamente a seguir ao 9/11, ter desejado pronta e cegamente uma vingança, sob a forma de uma acção armada que reafirmasse o poderio (pretensamente) superior dos Estados Unidos da América.
Em suma, Moore ataca e bem as atitudes menos inteligentes - ou simplesmente interesseiras e escravas dos objectivos petrolíferos e económicos - de Bush, evita, inteligentemente, o recordar das cenas das Torres Gémeas, avança objectivamente para documentar a falta de preparação e de cultura dos soldados americanos no Iraque e o sofrimento e a revolta que o povo iraquiano sente, mas a conclusão do realizador é muito curta, muito pouco acutilante, especialmente se comparada àquela que ele fez no já referido Bowling for Columbine. É que se neste filme, no final, Morre assinava duras críticas à mentalidade norte americana, caracterizada, então, como extremamente paranóica pela defesa de um inimigo invisível, bem como por um impulso para a agressão gratuita e expansível a qualquer um, agora Moore, nas suas alegações finais, prefere culpar a governação desastrosa de Bush, orientada pelas políticas de compadrio e de benefício económico dos seus apoiantes, furtando-se à conclusão óbvia: Bush, que até ao ataque das Torres Gémeas tinha estado sempre com a maioria dos Americanos contra si, depois desse acontecimento obteve então um apoio maioritário do povo americano, bem como do senado, ou seja, não foi o mauzão Bush que mandou soldados incultos e inocentes irem matar outros inocentes no Iraque: foi a América que atacou um país que, como é referido no filme, até então, nunca tinha atacado um interesse americano, uma instalação americana, ou simplesmente um cidadão americano.

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