Blog do Homem Estupendo

O "blog" de um homem que é tudo menos estupendo...

A minha foto
Nome:
Localização: Lisboa, Portugal

quinta-feira, março 18, 2004

Sobre calão e caralhadas

Meus caros, muita gente se espanta e se insurge contra o bom do palavrão e a bela da brejeirice. Advogam que é uma falta de respeito, uma ofensa, ou coisa parecida.

Pergunto eu: haverá algo mais louvável na nossa língua? Sim, o nosso vernáculo é, como o próprio nome indica, o que de mais verdadeiro e genuíno temos na nossa língua.

Então porquê o preconceito? Será que o palavrão não pode ser belo e deve ser sempre reprimido?

À primeira pergunta respondo que sim, o palavrão pode ser e muitas vezes é mesmo uma palavra absolutamente ilustrativa, capaz de transmitir inequivocamente uma imagem de beleza fantástica; à segunda questão, partilhando alguma das ideias de Freud – esse grande maluco –, julgo que quem não o usa, reprime sentimentos e emoções, os quais, mais tarde, vão acabar por causar problemas sérios ao indivíduo que se auto-contém constantemente, como se de um ânus apertado se tratasse e estivesse a tentar impedir a torrente quente e fedorenta de uma impiedosa diarreia.

Evitemos, pois, as diarreias, e poupemos os nossos ânus.

Atentemos ao que faz o genial autor do blog O meu pipi.
Não há dúvida de que este indivíduo usa deliberadamente uma linguagem vernácula. Será que ela choca alguém? Muito provavelmente. Mas será que essa mesma linguagem é menos ilustrativa do que a de um (dito) correcto e educado português? Julgo que não. É bem pelo contrário. Recorrendo ao palavrão, o autor consegue trazer-nos um texto sempre jocoso e excepcionalmente descritivo.

E já imaginaram o ridículo que seria um texto deste sem palavrões?

Aqui fica um pequeno exemplo. Vão comparar com o original (http://omeupipi.blogspot.com/) e depois digam-me o que acham…

“CADA VAGINA É COMO É
Ontem, caí no erro de estimular o meu órgão sexual virado para um espelho. Erro porque, a masturbações tantas, em vez de olhar para as minhas caretas, vislumbrei a minha parceira. Assustei-me e pensei: “Ó Pipi, o que é isto, pá? Então tu estás a fazer amor com esta empregada doméstica na posição canina ou ela está-te a fazer um fellatio?” Não, era mesmo uma relação sexual na posição canina. Ela tinha era cara de rabo.
Este facto fez-me levantar uma questão – e, por momentos, baixar o pénis.
Porque é que eu, Pipi, teimo em tentar sacar mulheres feias, mulheres gordas, Odete Santos, mulheres com problemas de pele, mulheres com queda de cabelo?
Reflecti sobre isto e cheguei à conclusão que é o resultado imediato de ser um curioso da arte de fazer amor. Para mim, cada vagina tem o seu encanto. Um encanto único, especial. E eu quero conhecê-lo a todas.
Normalmente, aferimos, à primeira vista qual a principal qualidade sexual da mulher: se é gira, se tem belos seios, rabo entumecido, pernas elásticas para pôr atrás das orelhas, odor agradável. Ou seja, o aspecto físico da mulher é o seu encanto. Nessas não há mistério
Mas, como disse, cada vagina tem o seu encanto próprio. Por isso, um camafeu gordo intriga-me. Partindo do princípio pipiano de que cada rapariga tem em si o potencial para ser um dínamo de erecção, onde é que o Criador terá colocado o encanto desta meretriz? O que é que o Indivíduo terá escondido no meio desta gordura toda? E, de repente, vejo-me a jogar ao “quente e frio” com Deus. Estou a ter relações anais com ela de modo grosseiro e parece que O ouço dizer “morno, Pipi, morno”. Mudo o meu pénis de vagina e já Ele me incentiva: “a aquecer, Pipi!”.
Pode ser um movimento original, um aparelho genital feminino musculado, uma capacidade de sucção alienígena. Pode ser uma amplitude inaudita, uma noção de ritmo africana, uma luxação auto-infligida que cria um novo orifício para enfiar o membro sexual. Qualquer coisa de único.
Claro que, normalmente, não é nada disto, e um clítoris proeminente é mesmo o traço mais característico da vagina em questão.
Mas vocês conhecem-me e sabem que eu sou um romântico do fazer amor. Um romântico do fazer amor que acha que em cada vagina por conhecer há uma promessa de perfeição única e misteriosa a realizar. E uma vagina apertada para desflorar, claro.”

Terá este texto o mesmo poder pictórico, a mesma capacidade de expressão, em suma, a mesma mensagem jocosa e animada que o original?

Duvido.

jvoc@gawab.com

Counter Stats
magazines
magazines Counter