As coisas que um tipo ouve na Tv

Acho piada à expressão “virou as costas a” alguém.

No outro dia, enquanto estava a ver na Tv o telejornal, reparei que o apresentador disse, e passo a citar: “Rui Rio virou as costas a Pinto da Costa.”

A minha questão é: foi só um virar de costas, ou foi um convite?

Logo a seguir, o repórter de rua, em directo da Câmara Municipal do Porto e em conversa com um vereador perguntava: “A Câmara está de costas viradas para o Futebol Clube do Porto?”

A minha interrogação acerca desta expressão é: onde estão as costas da Câmara Municipal do Porto? Se for a parte de trás do edifício da Câmara Municipal do Porto, então não há um verdadeiro virar; com precisão geográfica, e tanto quanto sei, a Câmara de Porto deve estar mais ou menos de lado, em relação ao novo Estádio do Dragão.

Será o prenúncio de mais umas obras de remodelação na referida Câmara, ou será que vão deslocar o estádio para outro lado? E será isso possível?

E já agora, no mesmo programa, o locutor proferiu a seguinte elocução: “Patrões e empregados da Bombardier estão de costas voltadas.”

Acerca desta expressão, destaco a minha ignorância: sempre pensei que os trabalhadores estivessem, realmente, de costas voltadas para os patrões. Aliás, de costas voltadas, de calcinhas em baixo, e de rabinho para o ar, como a pérfida canção infantil dos “Patinhos que sabem nadar”. Afinal, ao que parece, os patrões também lhes viraram as costas, o que é sempre triste. Agora já não se consuma nenhum acto amoroso. Agora deve ser apenas um grande e descabido roçanço onde ninguém se orienta, e os pêlos das costas dos trabalhadores convivem alegremente com os pontos negros das costinhas dos patrões, muito provavelmente recém-massajadas por uma qualquer puta brasileira.

As coisas que um tipo ouve na Tv.