Blog do Homem Estupendo

O "blog" de um homem que é tudo menos estupendo...

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quinta-feira, fevereiro 02, 2006

Desculpa Esfarrapada

Como tentativa de recuperar um blogue que entretanto apodreceu e ganhou bicho, cheirando agora àquele odor que podemos inalar nas margens do rio Trancão, ou pior, aqui se segue um textozinho, o qual, como alguns bem saberão, poderia ser verídico, mas não é. Quero aqui dizer, publicamente, que isto não aconteceu na realidade, que é inventado. Porém, quem me conhece bem sabe que poderia perfeitamente ter acontecido.

(De qualquer modo, reparem na pedagogia deste texto.)

Ora bem, tudo se passou por volta das 15:30, num destes dias gelados desta semana. Eu encontrava-me no trabalho, infelizmente a fazer apenas trabalho de secretária, ou seja, a ler merdas e a corrigir trabalhos de formandos – trabalhos de muito baixa qualidade, diga-se…

Acontece que o almoço tinha sido à base de grão, elemento que compunha a suculenta salada de atum que eu tinha comido hora e meia antes.

No meio do marasmo e do tédio em que estava a afogar-me a ler aqueles trabalhos, começo a sentir os meus intestinos a darem-me sinal de que queriam expelir qualquer coisa que não sólida, ou seja, havia ar a mais dentro de mim e ele teria de sair rapidamente, pois começava a incomodar. Dito de outra forma: vinha aí um belo, sonoro, provavelmente mal-cheiroso, mas aliviante peido.

Imediatamente, estudei as hipóteses: ora ir à casa de banho não era opção, pois estava ocupada; por outro lado, os meus colegas há já algum tempo que não entravam na minha sala. Logo, parecia-me que estavam reunidas as condições necessárias para que, inclinando-me airosamente sobre uma nádega, pudesse pôr fim ao meu aperto.

Se assim pensei, melhor o fiz. E que alívio, meus caros… Não há dúvida de que o grão me causa muita flatulência e de que um belo peido, quando bem dado, é um alívio que roça o prazer. Quem não sorri e liberta um sonora “aghhhhhh…” quando dá um traque?

Inesperadamente, ainda quando eu estava a descobrir que afinal tinha dado peido que além de sonoro tinha um odor pestilento – a fazer lembrar o odor que deste blogue emana… – entra-me na sala uma colega minha para ir arrumar uns dossiers exactamente no móvel que fica junto à minha secretária.

O que fazer?!

Com os olhos pregados no papel que tinha sobre a secretária, a minha cabeça tentava desesperadamente pensar num engenhoso plano para me desculpar acerca do cheiro estranho que invadia a sala, mas não conseguia engendrar nada que me subtraísse das evidentes responsabilidades.

A minha colega arrumou o dossier, deu uma fungadela, depois outra, virou-se lentamente para trás, olhou para mim, cheirou mais um pouco e de repente, quando claramente estava num beco sem saída e pensava que perderia todo a (pouca) consideração que ela tem por mim, surgiu-me uma desculpar perfeita:

“- Eh pá, não está aqui um cheiro estranho?” – disse-lhe eu, descaradamente.

“- Está, realmente está… Cheira mal…” – concordou ela.

E foi aí que eu consegui colocar uma expressão mais normal, senti até que sorri ligeiramente, deixei de estar vermelho de vergonha e, enquanto fingia olhar para os meus ténis, disse: “Olha, pá… Que chatice… Pisei caca de cão…”

Brilhante, brilhante! Que ideia magnífica! Genial! Ali estava a perfeita desculpa! Ali estava a razão inventada e perfeitamente credível! Ali estava o verdadeiro responsável: um cão, um malvado cão!

Claro que tudo caiu por terra quando ela me disse: “Mas nós almoçámos juntos no refeitório, viemos directos para aqui, ainda há pouco estive nesta sala, tu estiveste sempre aqui e não me cheirava a nada…”

Bolas!

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